Investigações conduzidas pela Polícia Federal confirmam que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, teve participação no esquema de candidaturas laranjas do PSL em Minas Gerais nas eleições de 2018.
As denúncias são de que o ministro – na época deputado federal e presidente do diretório do PSL no Estado durante o processo eleitoral – agiu para desviar verbas públicas de campanha.
Após denúncias de que o PSL destinou repasses do fundo partidário para cumprir a cota de gênero a candidatas laranjas a deputadas que, depois, tiveram que devolver os recursos para o partido, a PF abriu em fevereiro um inquérito para apurar o caso. Os investigadores apuram se houve falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
As investigações correm em segredo de Justiça, mas, informações divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo, na sexta-feira (5), revelam que documentos, áudios e depoimentos obtidos pelos investigadores apontam para a participação de Marcelo Álvaro no esquema.
As denúncias contra o ministro começaram tendo como alvo quatro candidaturas de laranjas no Estado, abastecidas com verba pública do fundo eleitoral. As quatro candidatas receberam R$ 279 mil da verba pública de campanha da legenda, ficando entre as 20 candidatas que mais receberam dinheiro do partido no país. Desse montante, pelo menos R$ 85 mil foram para quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do ministro.
As candidatas foram Lilian Bernardino, Milla Fernandes, Débora Gomes e Naftali Tamar.
Uma das ex-candidatas, Débora Gomes recebeu R$ 72 mil para realizar sua campanha eleitoral e obteve apenas 885 votos. Do valor recebido, gastou R$ 30 mil em empresas cujo dono é Reginaldo Soares e R$ 7,6 mil em outra de Mateus Von Rondon. Além disso gastou R$ 10 mil em uma empresa cuja dona é sócia de Reginaldo na anterior.
Outra que recebeu R$ 72 mil foi Milla Fernandes que teve apenas 324 votos. Em seus gastos declarados à Justiça Eleitoral constam R$ 4,9 mil para Mateus.
A ex-candidata Lilian Bernardino é bastante próxima de Haissander Souza de Paula, que foi assessor no gabinete de Marcelo Antonio de 2017 até o início deste ano.
Lilian recebeu R$ 65 mil da direção nacional do PSL e obteve 196 votos. Deste total, R$ 14,9 mil foram para duas empresas de Reginaldo Soares, outros R$ 10 mil para a empresa de sua sócia e R$ 11 mil para a empresa de Mateus Von Rondon.
Por fim, a ex-candidata Naftali Tamar recebeu R$ 70 mil do partido, teve 669 votos e pagou R$ 9 mil para uma empresa de Mateus.
Mas além das quatro, outros casos vieram à tona. Outra ex-candidata, Zuleide Oliveira contou que se reuniu pessoalmente com o ministro, que fez a proposta a ela. Zuleide receberia R$ 60 mil para a campanha, mas deveria devolver R$ 45 mil. Já existem quatro denúncias contra Álvaro Antônio.
Além de Zuleide, outra candidata usada como laranja, Cleuzenir Barbosa, também denunciou o grupo do atual ministro do Turismo de Bolsonaro pelo esquema de desvio de recursos do fundo eleitoral em depoimento ao Ministério Público Eleitoral.
Adriana Borges foi outra ex-candidata que denunciou o esquema de Marcelo Álvaro Antonio.
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