Mesmo tendo que responder ao inquérito policial, autorizado pelo ministro Luiz Roberto Barroso, para investigar as suspeitas de recebimento de propinas da empresa Rodrimar, Michel Temer recebeu na manhã desta segunda-feira (15), fora da agenda, o chefe da Polícia Federal, Fernando Segovia. A reunião secreta ocorreu no Palácio do Planalto e contou com a presença de outro envolvido nas acusações, o subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, Gustavo Rocha.
Temer recebeu um questionário com 50 perguntas da Polícia Federal no último dia 3 e tem até a próxima quarta-feira para entregar suas explicações à Polícia Federal. A PF quer saber mais sobre o decreto assinado por ele no ano passado e que beneficiou a Rodrimar, empresa do setor portuário contactada pelo homem da mala, Rodrigo Rocha Loures, seu assessor especial. Escutas telefônicas mostram Rocha Loures fazendo combinações com empresários do setor.
Loures também foi filmado pela Polícia Federal com uma mala abarrotada de propinas depois de sair de uma conversa num restaurante em São Paulo com executivos da JBS. Temer é suspeito de usar o auxiliar para negociar e receber propina também de empresas do setor portuário. O pretexto para o encontro de Temer com Segóvia e Gustavo Rocha seriam conversas inespecíficas sobre segurança pública no geral.
Já Gustavo Rocha, outro auxiliar da inteira confiança de Temer, também foi gravado em conversas suspeitas com Rocha Loures sobre tratativas com empresários do setor portuário, pouco antes da assinatura do decreto dos portos no ano passado. Sua presença na reunião com o chefe da Polícia Federal reforça as suspeitas de que Temer estaria pressionando a PF e tentando acobertar seus crimes. Mais detalhes sobre as negociatas de Temer no Porto de Santos você pode ler na matéria publicada em 14 de janeiro sobre o inquérito que investiga as relações de Temer com a Rodrimar.
Veja um trecho do depoimento de Rocha Loures à PF na semana passada, onde ele teve que explicar o que queria dizer nesta conversa cavilosa com Gustavo Rocha:
Gustavo Rocha: “É uma exposição muito grande para o presidente se a gente colocar isso. Já conseguiram coisas demais nesse decreto”.
Rocha Loures: “O importante é ouvi-los.”Gustavo Rocha: “A minha preocupação é expor o presidente em um ato que é muito sensível. […] Esse negócio vai ser questionado”.