A adoção do neoliberalismo por Dilma e Temer fizeram despencar o investimento público, que se encontra no mesmo patamar dos anos 1990. É o que aponta o economista Rodrigo Octávio Orair, diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão de pesquisa ligado ao Senado, conforme reportagem da BBC Brasil, publicada na segunda-feira (13).
De acordo com o levantamento da IFI, os investimentos de todos estados foram reduzidos de R$ 57,8 bilhões em 2014 para R$ 28,7 bilhões em 12 meses terminados em julho deste ano. No período entre 1994 e 2000, no período Fernando Henrique, o investimento médio dos estados era de R$ 30,6 bilhões anuais, o que já era pouco para as necessidades do país, vide o crescimento medíocre, tal como agora, naquela época. Outro ponto em comum nos dois períodos é a política de juros altos. A conjugação dos dois fatores, corte nos investimentos públicos e juros estratosféricos, afundaram o país na recessão.
Em termos percentuais, o investimento dos estados representava 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 e este ano deve fechar em apenas 0,4%.
A queda do investimento público também ocorre nos governos federal e municipais. Conforme Orair, em 2014 o investimento do conjunto do setor público foi de R$ 228,1 bilhões em 2014, caiu para R$ 172,6 bilhões em 2015 e foi reduzido para R$ 143,9 bilhões em 2016.
A estimativa é que em 2018 a situação do investimento público fique pior, em função do teto dos gastos não financeiros limitados pela inflação, que este ano deverá ficar em torno de 3%. No ano passado, a inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de 6,29%.
A queda dos investimentos federais em 2018 consta no Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) enviado pelo governo ao Congresso Nacional. Alguns exemplos levantados pela ONG Contas Abertas:
– Investimentos totais da União e das estatais previstos são de R$ 98,6 bilhões, contra R$ 129,1 bilhões este ano. Redução de 24%.
– Investimentos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) serão de R$ 6,1 bilhões. Em 2017, R$ 8,1 bilhões (-25%).
– Saneamento: redução de R$ 1,4 bilhão em 2017 para R$ 941,6 milhões no ano que vem (-32%).
– No período, os investimentos do Ministério da Saúde caem de R$ 3,3 bilhões para R$ 3,0 bilhões (-9%).
– Os investimentos do Ministério da Educação caem de R$ 5,0 bilhões para R$ 3,2 bilhões (-37%).
– Os investimentos do Ministério da Defesa caem e R$ 8,7 bilhões este ano para R$ 6,9 bilhões. Redução de 21%.
Investimentos em queda e estúpidos gastos com juros – nos últimos 12 meses, segundo o BC, foram transferidos do setor público para os bancos e demais parasitas nada menos que R$ 415,117 bilhões – jogam água no moinho da recessão. E o Temer e o Meirelles ainda têm a cara de pau de afirmar que o país já saiu da crise.
VALDO ALBUQUERQUE