Índice oficial da inflação ficou em 0,24% no mês, pressionado pela alta nas passagens aéreas. Preço dos combustíveis cai
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação, variou em alta de 0,24% em outubro, ficando abaixo do registrado em setembro (0,26%) e de outubro do ano passado (0,59%), informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (10).
No ano, o IPCA acumula alta de 3,75% e, nos últimos 12 meses, de 4,82%, sendo menor que o resultado observado nos 12 meses imediatamente anteriores (5,19%). Assim, o índice de preços ficou abaixo das projeções do mercado financeiro, 41 projeções colhidas pelo Valor Data, que apontava alta de 0,28% para outubro e uma alta de 4,86% para o resultado acumulado dos últimos 12 meses.
Apesar da inflação brasileira seguir controlada este ano, o Banco Central (BC), comandado por Roberto Campos Neto, segue realizando cortes a conta-gotas na taxa básica de juros (Selic), hoje em 12,25% ao ano, elevando o juro real, atualmente, o mais alto do mundo, para mantê-la com poder de fogo de derrubar os investimentos no país, a demanda de consumos de bens e serviços e a geração de novos empregos no país, além de manter o grau de endividamento e de inadimplência das famílias e das empresas nas alturas.
Após a redução de meio ponto percentual na Selic, pela terceira vez seguida, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, no início deste mês, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, foi taxativo: “a queda de juros não está na velocidade que nós precisamos”. Ele defende “uma redução mais acelerada dos juros”.
Os recentes dados da economia apontam para uma desaceleração na segundo semestre, com a produção industrial parada, as vendas do comércio e o setor de serviços patinando.
Esta semana, em um fórum para debater “Estratégias de Investimentos”, promovido pelo banco Bradesco, Campos Neto defendeu que o governo Lula siga com a meta de déficit primário zero para 2024 – o que levaria para cortes de investimentos pelo governo federal para cumprir tal meta em benefício da especulação com o dinheiro público. “A gente apoia iniciativa do ministro Haddad de perseguir a meta, fazer o máximo de esforço possível”, disse Campos Neto.
Já economistas divulgaram esta semana manifesto alertando que o déficit zero “é contracionista e inviável”. “Rejeitamos metas potencialmente inatingíveis e contracionistas que conduzem a cortes e contenções de recursos para investimentos e políticas sociais, desacelerando a economia e exacerbando as desigualdades”, afirmam.
IPCA EM OUTUBRO
Segundo o IBGE, a alta no mês de outubro veio na esteira do avanço dos preços de passagens aéreas, que acumularam alta de 23,7%. “É o segundo mês seguido de alta das passagens aéreas. Essa alta pode estar relacionada a alguns fatores como o aumento no preço do querosene de aviação e a proximidade das férias de fim de ano”, disse o gerente da pesquisa, André Almeida.
No mês passado, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em seus preços, que entre os destaques estão: Transportes (0,35%) e Alimentação e bebidas (0,31%), que contribuíram com 0,07 ponto percentual cada para o resultado do índice geral.
O grupo de transporte teve como destaque as altas do táxi (1,42%) e do óleo diesel (0,33%), único item dos combustíveis (-1,39%) que registrou inflação, ressalta o IBGE. No período, os preços da gasolina (-1,53%), do gás veicular (-1,23%) e do etanol (-0,96%) caíram.
“A gasolina é o subitem de maior peso entre os 377 da cesta do IPCA. Essa queda em outubro foi o maior impacto negativo no índice (-0,08 p.p) e contribuiu para segurar o resultado do grupo de transportes”, declarou André Almeida, que destacou em entrevista a recente redução no preço da gasolina nas refinarias pela Petrobrás.
No lado da alimentação (que vem em deflação nos últimos quatro meses), a alta no mês de outubro foi puxada pela alimentação no domicílio (0,27%), com destaques para o avanço nos preços da batata-inglesa (11,23%), da cebola (8,46%), das frutas (3,06%), do arroz (2,99%) – por influência da menor oferta de produtos no período de entressafra e do aumento de chuvas nas regiões produtoras – e das carnes (0,53%).
Resultado dos grupos do IPCA
· Alimentação e bebidas: 0,31%;
· Habitação: 0,02%;
· Artigos de residência: 0,46%;
· Vestuário: 0,45%;
· Transportes: 0,35%;
· Saúde e cuidados pessoais: 0,32%;
· Despesas pessoais: 0,27%;
· Educação: 0,05%;
· Comunicação: -0,19%.