Taxa fica abaixo das “expectativas do mercado” e é bem menor do que a de dezembro (0,52%)
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação, desacelerou para 0,16% em janeiro de 2025, após alta de 0,52% em dezembro de 2024, conforme informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (11). Essa é a menor taxa para um mês de janeiro desde 1994. Resultado foi influenciado pela queda na tarifa de energia residencial, que recuou 14,21%.
Com o resultado, a taxa anualizada do IPCA também desacelerou, ficando abaixo das “expectativas” das instituições financeiras, caindo de 4,83% para 4,56% no acumulado em 12 meses até janeiro deste ano.
A desaceleração do IPCA em janeiro foi puxada pelo grupo habitação, que seguiu variando em queda no mês (-3,08%), com impacto de 0,46 ponto percentual (p.p.) no índice geral, após deflação em dezembro de 2024 (-0,56%). O resultado nos preços da energia elétrica residencial – que recuaram 14,21% – exerceram o impacto negativo mais intenso (-0,55 p.p.) sobre o IPCA de janeiro.
“Essa queda foi decorrência da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas em janeiro”, explica o gerente do IBGE e responsável pelo IPCA, Fernando Gonçalves.
Outra influência importante veio do grupo alimentação e bebidas que cedeu de 1,18% em dezembro de 2024 para 0,96% em janeiro deste ano.
A alimentação fora do domicílio desacelerou de 1,19% em dezembro para 0,67% em janeiro, enquanto, por outro lado, os preços da alimentação no domicílio tiveram uma desaceleração tímida, de 1,17% para 1,07%, influenciado: pelas altas da cenoura (36,14%), do tomate (20,27%), e do café moído (8,56%) e pelos recuos nos preços da batata-inglesa (-9,12%) e do leite longa vida (-1,53%).
O que pesou no bolso dos consumidores no primeiro mês de 2024 também foram os aumentos dos preços no grupo transportes, que teve a maior variação, alta de 1,30%, e o maior impacto de 0,27 p.p. entre os nove grupos que compõem o índice geral.
Segundo o IBGE, o resultado no grupo transportes foi influenciado pelo aumento nos preços das passagens aéreas (10,42%) e do ônibus urbano (3,84%).
Nas cidades do Rio de Janeiro (6,98%) e São Paulo (5,22%), por exemplo, as tarifas de ônibus foram reajustadas para cima em 9,30% a partir de 5 de janeiro e 13,64% a partir de 06 de janeiro, respectivamente.
O grupo transportes também foi pressionado pelos preços dos combustíveis que subiram 0,75% em janeiro, alta alavancada pelos aumentos nos preços do etanol (1,82%), do óleo diesel (0,97%), da gasolina (0,61%) e do gás veicular (0,43%).
Segundo o IBGE, a inflação se espalhou menos pelos itens que compõem o IPCA em janeiro. O Índice de Difusão, que mede a proporção de bens e atividades que tiveram aumento de preços, recuou de 69% em dezembro de 2024 e para 65% em janeiro.
De acordo com o Índice de Difusão, em Alimentícios, a abrangência das altas de preços aumentou, passando de 69% em dezembro para 71% em janeiro. Por outro lado, em não alimentícios, o índice caiu de 69% para 60% no mesmo período.
Dessa forma, observa-se que os preços dos alimentos – considerados um dos componentes mais voláteis – continuam sendo o principal fator de pressão sobre a inflação no Brasil.
A nova onda da carestia dos alimentos vem sendo causada por questões sazonais, mas também fatores externos, como altas dos preços de commodities, como café, por exemplo, que acumula alta de 50,35% em 12 meses – não porque está faltando café no Brasil, mas pela corrida dos produtores internos em obter mais ganhos em dólares.
Porém, em prol de perseguir o centro da meta de inflação, de 3% ao ano, estipulada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o Banco Central (BC) tem elevado os juros como forma de conter uma inflação de demanda inexistente. Com essa ação, o BC vai encarecer ainda mais o crédito para reduzir investimentos em capacidade produtiva das empresas e gerar desemprego no país.
De setembro de 2024 a janeiro deste ano, o Banco Central elevou a taxa de juros (Selic) em 2,75 p.p., de 10,5% para 13,25% ao ano, e afirmou que seguirá usando desta ferramenta que é ineficaz para resolver impactos de preços relacionados a fatores externos, estruturais, de clima, etc.