“Parte da produção foi afetada pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, que é uma das principais regiões produtoras”, diz o IBGE
Em maio deste ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou em 0,46%, uma alta puxada pelo avanço nos preços dos alimentos, que subiram 0,62% na comparação com abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (11). No ano de 2024, a inflação está em 2,27% e, no acumulado de 12 meses até maio, alta de 3,93%.
O avanço do indicador oficial de inflação no mês de maio frente a abril (0,38%) já era esperado pela produção de alimentos do Rio Grande do Sul, que foi afetada por fortes chuvas, que geraram as maiores enchentes da história do estado gaúcho.
“Parte da produção foi afetada pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, que é uma das principais regiões produtoras”, constatou o gerente de pesquisa do IBGE, André Almeida, ao ressaltar que, no grupo alimentação e bebidas, os preços da batata dispararam para 20,61% em maio.
No mês, por exemplo, a inflação na cidade de Porto Alegre variou em alta de 0,87%. A capital gaúcha conta com o quarto maior peso (8,61%) no índice geral, atrás de São Paulo (32,28%), Rio de Janeiro (9,43%) e Belo Horizonte (9,69%).
Em Porto Alegre, comentou Almeida, “a situação de calamidade acabou afetando a alta dos preços de alguns produtos e serviços. Em maio, as principais altas foram da batata-inglesa (23,94%), do gás de botijão (7,39%) e da gasolina (1,80%)”.
Além dos preços da batata, também houve altas dos preços da cebola (7,94%), leite longa vida (5,36%) e café moído (3,42%). No entanto, mesmo com o impacto destes produtos no grupo alimentos e bebidas, a inflação da alimentação do domicílio desacelerou na passagem de abril para maio, saiu de 0,81% para 0,66%.
De acordo com o instituto, a desaceleração no subgrupo alimentação no domicílio é explicada pelas variações negativas de alguns alimentos, como as frutas (-2,73%), por exemplo. Já a alimentação fora do domicílio registra alta de 0,50%, acima do verificado em abril (0,39%).
Além do grupo alimentação, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, outros sete tiveram alta em maio: Saúde e cuidados pessoais (0,69%), Habitação (0,67%), Vestuário (0,50%), Transportes (0,44%), Saúde e cuidados pessoais (0,69%), Despesas pessoais (0,22%), Educação (0,09%), Comunicação (0,14%) e Artigos de residência( -0,53%).
Na Habitação, a alta de 0,67% nos preços correspondeu pelo segundo maior impacto para a inflação no mês, de acordo com o IBGE, puxado, principalmente, pelo aumento médio de 0,94% na energia elétrica residencial no país. Já a alta em Saúde e cuidados pessoais (0,69%), com a maior variação percentual no índice geral no mês, veio na esteira do avanço dos preços dos planos de saúde (0,77%).
Apesar de já influenciado pelo desastre climático gaúcho, o IPCA mantém a sinalização de que a inflação segue controlada no país, o que permite espaço para mais cortes na taxa de juros básica (Selic) do Banco Central (BC), hoje em 10,5% ao ano – o que é a contragosto do mercado financeiro, que com o aval do presidente do BC, Roberto Campos Neto, pressiona por aumento dos juros – que já estão altos – inviabilizando os avanços dos investimentos, da geração de empregos e do crescimento econômico no país.