Após o resultado de baixo crescimento em 2018 e de um primeiro trimestre de 2019 marcado por desastres políticos e econômicos, foi a vez de o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Banco Central (BC) revisarem suas estimativas para o PIB (Produto Interno Bruto) no ano.
O Ipea afirmou em sua Carta de Conjuntura que espera um ano de “baixo crescimento econômico” e revisou de 2,7% para 2% a previsão de variação do PIB, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos pela economia no ano. Nas palavras do diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo de Castro, o resultado está na esteira do desempenho do varejo, indústria, da alta taxa de desemprego e da desaceleração na massa salarial.
“Parte da revisão foi uma mudança por conta da redução do crescimento do ano passado, que gera um impacto para as previsões deste ano e também alguma redução ao que se esperava para o primeiro trimestre do ano”, disse. Em 2018, a economia repetiu resultados e variou apenas 1,1%. Os primeiros meses já apontam para resultados negativos na indústria, comércio e serviços – que variaram, respectivamente, -0,8, 0,4, e -0,3% sobre dezembro, segundo o IBGE.
O Ipea levou em consideração estimativas de que a produção industrial crescerá apenas 1,8%, o PIB agrícola 0,4%; os serviços 2,2% e; o consumo das famílias, 2,6% – nenhum resultado capaz de sustentar um crescimento vigoroso que fizesse o país superar a crise. Ademais, o instituto ressalta que o crescimento de 2% só será possível se a reforma da Previdência for aprovada – já que ao invés de ancorar o desenvolvimento em consumo e investimento, o novo governo segue a cartilha de uma política econômica recessiva e de cortes nos direitos previdenciários e sociais para arrancar sorrisos do mercado financeiro. Ao invés de crescimento, essa é comprovadamente a receita que levou o país para a última e grave crise econômica.
O próprio governo admitiu sua incompetência em promover “uma vigorosa retomada do crescimento”- conforme promessas – e revisou para baixo a sua estimativa oficial em 2019 de 2,5% para 2,2%. Na mesma ocisão, o Ministério da Economia, dirigido pelo guru de Bolsonaro Paulo Guedes, anunciou o bloqueio de R$ 29,8 bilhões no Orçamento de 2019.
Já o Banco Central reduziu a expectativa de crescimento neste ano de 2,4% para 2%, conforme Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (28). Foram revisados os componentes do PIB para a agropecuária de 2% para 1%, da indústria de 2,9% para 1,8% e, de serviços, de 2,1% para 2%. Pela demanda, o consumo das famílias caiu de 2,5% para 2,2%. Segundo o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana de Carvalho, além “dos diversos choques” sofridos pela economia no ano passado, os dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que costuma ser uma “prévia” do PIB, mostram que o ano não começou bem, com queda de 0,41% em janeiro sobre dezembro.
PRISCILA CASALE