Em pronunciamento na Assembleia Geral da ONU nesta quarta-feira (20) em Nova Iorque o presidente do Irã, Hassan Rouhani, censurou as acusações de Donald Trump contra o Irã acusando o país persa de “desestabilizar” a região do Oriente Médio e apoiar o terrorismo. Trump também ameaçou romper o acordo nuclear firmado em 14 de julho de 2015 depois de dois anos de intensos debates entre Irã, Rússia, China, Alemanha, França EUA e Reino Unido que limitou o programa nuclear do Irã em troca do fim das sanções impostas pelos EUA, e que é também um importante espaço para reduzir as tensões vividas entre EUA e Irã durante as últimas quatro décadas.
Mesmo depois do acordo os EUA vinham mantendo sanções contra o Irã, na prática rompendo partes do acordo, o que o governo iraniano vinha denunciando, mas nessa fala de Donald Trump na ONU a ameaça foi clara. “Uma vergonha! Uma das piores transações parciais em que os EUA se envolveram”, disse o presidente americano indicando para meados de outubro o processo de ruptura.
“A retórica de Trump contra o Irã é ignorante e mal intencionada, repleta de informações falsas e acusações infundadas”, afirmou Rouhani em seu pronunciamento na ONU, e acrescentou: “Trump descreveu o acordo nuclear do Irã como uma vergonha para os EUA dizendo que não pretende certificá-lo em outubro próximo. O acordo é um pacto internacional. Pelo acordo, todas as sanções impostas ao Irã serão eliminadas se o país se apegar ao acordo nos próximos anos. Hoje estamos na primeira linha de combate ao terrorismo e ao extremismo religioso no Oriente Médio. Não por razões sectárias ou étnicas, mas por razões éticas e humanitárias.”
Prosseguindo o presidente iraniano afirmou: “O Irã não busca restabelecer seu antigo império, impor sua religião oficial a outros ou exportar sua revolução a outras nações através da força das armas. Além do mais o acordo nuclear do Irã é o resultado de dois anos de negociações multilaterais intensas, aplaudidas amplamente pela comunidade internacional e apoiada pelo Conselho e Segurança da ONU como parte da Resolução 2231,” e concluiu: “O acordo não pertence a um ou dois países. É um documento do Conselho de Segurança da ONU que pertence a toda a comunidade internacional e o Irã responderá a qualquer violação do pacto. Seria uma lástima que um pacto internacional fosse destruído por um recém-chegado à política mundial”
Hassan Rouhani também denunciou em seu discurso a ameaça para todo o Oriente Médio que representam as armas nucleares de Israel.
Em Teerã o Aitolá Ali Khamenei advertiu aos EUA que evite qualquer ação equivocada destinada a romper o acordo de 2015 com o Irã. “Os EUA têm mostrado perversidade e um comportamento malicioso em relação ao acordo nuclear” disse o Aitolá criticando as recentes sanções propostas por Donald Trump contra o Irã.
“Hoje podemos ver que apesar de todos os acordos e promessas e de muitas discussões durante as negociações os EUA tratam os resultados obtidos com tantos esforços de forma opressiva e intimidatória. A nação iraniana se mantém firme e qualquer ação equivocada do sistema hegemônico sobre o acordo receberá a devida resposta da República Islâmica do Irã. A causa da insegurança no Oriente Médio são atribuídas às intervenções perversas e maliciosas dos EUA. Se as nações e governos regionais desejam bloquear as infiltrações de poderes hegemônicos como EUA na região, realmente devem crer em suas próprias capacidades, se retrocedermos o inimigo avançará”, afirmou o líder religioso Ali Khamenei.
ROSANITA CAMPOS