Irmão de ex-presidente da Colômbia é condenado a 28 anos de prisão por montar milícias

Integrantes de milícia que atuava na região de Antioquia, então governada por Uribe (AFP)

A justiça da Colômbia condenou em segunda instância o irmão mais novo do ex-presidente colombiano, o direitista Álvaro Uribe Vélez. Ele foi presidente da Colômbia de 2002 a 2010.

Santiago Uribe Vélez foi condenado a 28 anos e três meses de prisão pelo Tribunal Superior de Antioquia por criar e comandar grupos paramilitares e por praticar homicídios à frente destes grupos. Ele havia sido absolvido na primeira instância em novembro do ano passado, mas agora teve sua absolvição revogada.

O juiz da segunda instância ouviu os depoimentos de ex-paramilitares que corroboraram as ações criminosas do grupo e apontaram Santiago Uribe Vélez como líder do grupo criminoso.

“Santiago Uribe Vélez formou e dirigiu um grupo armado ilegal, que a partir da fazenda La Carolina, localizada no setor de Los Llanos de Cuivá, no município de Yarumal, executou um plano para assassinar e exterminar sistematicamente pessoas consideradas indesejáveis e supostos ajudantes de grupos subversivos que atuavam na região norte do departamento de Antioquia,” escreveu o tribunal na sentença.

O juiz da segunda instância então repreendeu o juiz da primeira instância que teria interpretado os testemunhos de forma fragmentada. Para absolver Santiago Uribe, o juiz da primeira instância considerou que o Ministério Público tinha cometido erros e não teria demonstrado elementos que comprovassem a responsabilidade do réu.

A pena imposta pelo tribunal corresponde aos crimes de conspiração para cometer um crime e homicídio qualificado, quado há intenção de matar. Com o pedido de prisão domiciliar negado, ele vai cumprir pena na prisão e também terá que pagar multa de 2,4 milhões de dólares.

Ambos os irmãos Uribe foram acusados de promoverem grupos paramilitares como ‘Los Doce Apóstoles’, envolvido com Santiago e no caso de Álvaro, o grupo ‘Bloque Metro’, que aglomerou vários grupos do crime organizado colombiano no Departamento de Antioquia na época que ele era governador.

Os eventos dos crimes aconteceram entre 1993 e 1994. Em 97 acusações do envolvimento dos irmãos Uribe com o crime organizado vieram a público, foi feita uma investigação, mas em 1999 foi arquivada por falta de provas.

Mas quando o atual presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que na época era senador e fez denúncias durante um debate em abril de 2007, sobre o que ele chamou de “paramilitarismo no departamento de Antioquia” e mais denúncias, em setembro de 2014, feitas pelo senador Iván Cepeda sobre o paramilitarismo na Colômbia, acabaram revelando o envolvimento de Álvaro Uribe Vélez, na época governador de Antioquia de 95 e 97, ele tinha proibido as ‘Cooperativas Convivir’ que serviriam para legalizar o paramilitarismo na região.

O grupo paramilitar ‘Los Doce Apóstoles’ tinha como base uma das propriedades da família Uribe Vélez, a fazenda ‘La Carolina’ onde coordenavam seus crimes de extermínio, o que eles chamavam de “limpeza social”, assassinatos de pessoas consideradas indesejadas socialmente e contra grupos de guerrilheiros de esquerda. De acordo com a Comissão da Verdade de Antioquia, 70% dos massacres cometidos na região foram de autoria desses grupos paramilitares.

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