“‘E daí?’ é o pouco caso de Bolsonaro com os mortos por coronavírus”, afirmou o governador do Rio
Em resposta ao ‘e daí?’ de Bolsonaro para os mortos por coronavírus, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), respondeu que a fala “é inaceitável”.
Questionado na noite de terça-feira (28) sobre o fato do Brasil ter ultrapassado o número de vítimas da China, o presidente respondeu “E daí? Quer que eu faça o que? Sou Messias mas não faço milagre”.
No Twitter, o governador escreveu: “É inaceitável o pouco caso com que o presidente sempre tratou a pandemia e as mortes. Ele não demonstra nenhuma solidariedade com as famílias que estão perdendo as pessoas que mais amam. O presidente nunca deu à pandemia a importância que ela merece. Em vez de ser o líder das ações de saúde e de economia, sempre tomou para si o papel de criar crises e mais crises”.
Para Witzel, “o Brasil deve ser o único país do mundo que está tendo que viver uma crise de saúde, econômica e política, tudo ao mesmo tempo. E com um presidente que finge que a pandemia não é assunto dele”.
“O presidente, que deveria ser uma liderança em um momento como esse, chega a ironizar as mortes. Isso é absolutamente inaceitável”.
Na quarta-feira (29), Bolsonaro disse que não aceitaria que os mortos por coronavírus fossem colocados na “conta” dele. E responsabilizou governadores pelo aumento do número de mortes. Ele argumentou que, como decidiu o Supremo Tribunal Federal (STF), governadores e prefeitos têm autonomia para decidirem sobre medidas restritivas no combate ao coronavírus e, por isso, eles precisam explicar por que as mortes continuaram mesmo após essas medidas serem tomadas.
Witzel também rebateu a crítica aos governantes estaduais: “Não é ‘E daí?’, não, presidente. Seja responsável. A sua ‘gripezinha’ chegou e, em vez de continuar atacando os governadores, faça o seu trabalho. Sua atuação na maior crise de saúde do mundo é desastrosa. Pare de fazer política e trabalhe”.
Bolsonaro vem sabotando a luta contra o coronavírus desde o início. Segundo ele, o coronavírus é uma “gripezinha” e um “resfriadinho”. Falou que era uma “histeria” e uma invenção da imprensa. Disse que era melhor as pessoas se contaminarem com a doença do que os supostos prejuízos para e conomia.
Por isso, ele atacou os governadores que adotaram medidas pelo distanciamento social.
Agora, como é de seu costume, não assume o que diz e o que fez e joga a culpa nos governadores pelo aumento recorde das mortes que eles quiseram evitar com as medidas de quarentena. E que Bolsonaro era contra, promovendo manifestações e desrespeito à quarentena várias vezes.
O Ministério da Saúde confirmou na terça-feira o registro de 5.017 óbitos por coronavírus. Com isso, o país passou a China no número de mortes pela Covid-19 – até agora, a nação asiática registrou 4.637 vítimas fatais, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças (UE).