Presidente do STF falou na abertura dos trabalhos do Judiciário. Bolsonaro disse, em entrevista, que quem tinha que ser investigado era o ministro por defender as urnas eletrônicas. Isolamento político do Planalto cresceu depois da reunião com embaixadores para atacar o Brasil
Jair Bolsonaro agrediu nesta terça-feira (2) em entrevista para a Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Ele disse que Fux deveria ser investigado em inquérito por defender as urnas eletrônicas. O presidente do STF discursou em defesa do sistema eleitoral brasileiro na abertura dos trabalhos legislativos na segunda-feira (1).
Na ocasião, Fux disse que “felizmente, nossa democracia conta com um dos sistemas eleitorais mais eficientes, confiáveis e modernos de todo o mundo”. A afirmação do ministro deixou o “mito” furioso. Onde já se viu um ministro do Supremo defender a democracia. Sem provas e sem fundamento, ele tem levantado suspeitas sobre o sistema eleitoral do país, em especial sobre as urnas eletrônicas. As suspeitas de Bolsonaro já foram desmentidas pelas autoridades.
“Com todo o respeito ao Fux, de vez em quando nós trocamos algumas palavras aqui, ele é chefe de poder. Mas, no mínimo, para ser educado, equivocada ou fake news [a declaração de Fux], que deveria estar o Fux respondendo processo lá no inquérito do Alexandre de Moraes, se fosse um inquérito sério e não essa mentira, essa enganação que são esses inquéritos do Alexandre de Moraes”, afirmou Bolsonaro à rádio, criticando o inquérito que investiga as mentiras espalhadas na internet com vistas a preparação de um golpe de Estado.
“No meu entender, presidente Fux verbaliza aquilo que chamo de, algo para se defender, corporativismo. Não estou atacando o Supremo de jeito nenhum, mas, já que [o sistema eleitoral] é tão evoluído assim, por que Reino Unido, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Reino Unido, Itália não usam?”, prosseguiu Bolsonaro.
“No meu entender, presidente Fux verbaliza aquilo que chamo de, algo para se defender, corporativismo. Não estou atacando o Supremo de jeito nenhum, mas, já que [o sistema eleitoral] é tão evoluído assim, por que Reino Unido, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Reino Unido, Itália não usam?”, prosseguiu Bolsonaro.
Sobre Barroso, ele repetiu que houve “interferência direta” do ministro dentro do Congresso Nacional na votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso pela Câmara dos Deputados. “Interferência politica é crime previsto na Constituição. O Barroso é um criminoso […] depois ele vai para o Reino Unido falando que queriam ressuscitar o voto de papel como antigamente. Barroso, você é um mentiroso, um mentiroso”, completou.
O chefe do Executivo mentiu mais uma vez na entrevista dizendo que apenas três países adotam a urna eletrônica. “Que maravilha de sistema esse que ninguém quer, a não ser Bangladesh, Butão. Venezuela, também, parece que usa esse negócio [urna eletrônica]”, afirmou. O TSE já informou diversas vezes á nação que 26 países usam o modelo de urnas eletrônicas e o Brasil tem o melhor modelo, elogiado no mundo inteiro como o mais seguro, moderno e ágil.
Bastante isolado depois de reunir embaixadores para atacar o Brasil, Bolsonaro criticou o manifesto em favor da democracia e em defesa das urnas eletrônicas, elaborado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) com apoio de empresários e personalidades que já passa de 600 mil assinaturas. “Esse pessoal que assina esse manifesto [é] cara de pau, sem caráter. Não vou falar outros adjetivos, porque sou uma pessoa bastante educada”, atacou o presidente.
A carta é uma resposta contundente da sociedade brasileira aos recorrentes ataques e ameaças de Bolsonaro ao sistema eletrônico de votação e à democracia brasileira. Bolsonaro, para refutar, tem declarado que o movimento com centenas de milhares de assinaturas é uma reação de banqueiros e artistas. Na visão do presidente, essas classes estariam descontentes com ações do governo que cortaram recursos para suas áreas.