Mais de 100 entidades empresariais condenarem sua trama golpista. Mais de 20 mil empresários, 1,9 mil militares e 871 pastores deram-lhe um puxão de orelhas assinando o manifesto
Jair Bolsonaro não conseguiu esconder o seu incômodo com a amplitude e a força do ato de leitura da carta pela democracia – que recebeu mais de um milhão de assinaturas – nesta quinta-feira (11).
A manifestação ocorreu na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, região central de São Paulo e reuniu milhares de pessoas que foram dizer não às suas aventuras golpistas.
Ele já vinha completamente isolado politicamente, principalmente depois da reunião com embaixadores, feita por ele para atacar o Brasil e agredir ministros do Supremo. Passou o recibo do incômodo quando viu mais de 100 entidades empresariais condenarem sua trama golpista, mais de 20 mil empresários, 1,9 mil militares e 871 pastores darem-lhe um puxão de orelhas assinando o manifesto. Ou seja, só quem ainda resta dando-lhe respaldo é sua bolha de fanáticos e mais ninguém. Por isso ele atacou a todos, chamando o vigoroso ato dos ex-alunos, dos professores da USP e dos empresários de “micareta do PT”.
Com o linguajar típico de um frequentador do submundo e das vias de esgoto, ele disse que, “para efeitos legais”, o manifesto “vale menos que papel higiênico”. Como se vê, é este o único tipo de material que aparece na cabeça de Bolsonaro.
“O Brasil já tem sua carta pela democracia: a Constituição. Essa é a única carta que importa na garantia do Estado democrático de Direito”, disse o psicopata, que não passa um dia, desde que assumiu o Planalto, sem ameaçar a Constituição e a democracia.
Também por ser chegado ao mundo do crime, das milícias, dos assassinos de aluguel e dos esquemas de rachadinhas, Bolsonaro comparou os empresários, personalidades, artistas e juristas da USP que lançaram a carta com os seus comparsas, frequentadores deste submundo. Assim como papel higiênico, é esse tipo de gente que frequenta a sua cabeça. “Assinar uma carta pela democracia enquanto apoia regimes que a desprezam e atacam os seus pilares tem a mesma relevância que uma carta contra as drogas assinada pelo Zé Pequeno, ou um manifesto em defesa das mulheres assinado pelo Maníaco do Parque”, disse ele.
As referências de Bolsonaro em seu ataque e ofensas aos representantes dos mais diversos segmentos da sociedade brasileira que protestaram contra sua trama golpista dizem respeito, primeiro ao personagem que vive um traficante no filme Cidade de Deus e, em segundo lugar, a um conhecido criminoso que estuprava e matava mulheres no Parque da Cidade. Foi o que sua imaginação doentia mais uma vez conseguiu produzir em meio ao seu profundo descontentamento.
O fato é que seus planos de tumultuar as eleições e criar um cenário propício para seus objetivos golpistas se enfraqueceram bastante depois desses episódios. Seu isolamento cresceu, tanto internamente, quanto em diversos outros países do mundo. Não tem apoio de ninguém a não ser sua bolha de fanáticos seguidores e de milicianos de plantão.
E é isso o que o irritou profundamente. O fato dele sair acusando o Brasil inteiro não passa de um grande recibo por causa de seu isolamento. Nesta quinta, na live que realiza semanalmente, Bolsonaro já havia agredido o manifesto e afirmado que se trata de uma “cartinha”. Ele se recusou a comparecer a um debate na Fiesp para não ter que se comprometer com o respeito ao resultado das urnas.
Chamar a Carta aos Brasileiros, um documento assinado por mais de 1 milhão de pessoas, de “cartinha”, de “papel higiênico” revela bem o nível do seu incômodo a que ele foi acometido com toda essa movimentação.
Dizer que quem respeita a Constituição da República é ele, quando a verdade é o próprio que não faz outra coisa a não ser agredir quase diariamente os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), por estes defenderam a Constituição, é de um cinismo insuperável. Mas, tudo bastante compreensível tendo em vista que se aproxima, rapidamente, a data em que ele deve ir para onde nunca devia ter saído, o lixo da história.