Atitude ocorreu logo após anúncio do governo israelense de que vai acelerar o assalto a terras palestinas para construção de 10 mil casas destinadas a colonos judeus
Sharon Bar-Li, representante enviada pelo governo israelense à Cúpula da União Africana, foi ‘convidada’ a se retirar do plenário do encontro continental que se realiza na capital etíope de Adis Abeba.
Bar-Li tinha autorização prévia para participar enquanto observadora, mas, depois da declaração do governo de Bibi e sua malta de fascistas de que o assalto a terras palestinas iria ser acelerado com apoio explícito do governo que revelou a intenção de construir mais 10.000 unidades residenciais a colonos judeus em terras roubadas na Cisjordânia, teve que sair do encontro neste sábado, dia 18.
Veja o vídeo no qual a representante de Israel resiste a atender à solicitação de se retirar:
A ação diplomática que, por sua raridade, expressa o crescente e rápido isolamento de Israel poucos dias após a posse do novo governo, foi de iniciativa da Argélia e da África do Sul, segundo revela o jornal israelense Haaretz.
Ao invés de se preocupar com a causa do alijamento de sua representante, o Ministério do Exterior de Israel reagiu de forma grosseira e arrogante à demonstração de repúdio por parte das nações africanas representadas na cúpula do continente: “É duro ver que a União Africana é feita refém de um pequeno número de Estados extremistas, a exemplo da Argélia e África do Sul, que são direcionados pelo ódio e controlados pelo Irã”.
O MRE de Israel, no afã de reverter o vexame, seguiu, na nota, jogando na divisão entre os países africanos de forma ainda mais acintosa: “Conclamamos as nações africanas a se levantarem contra estas ações que danificam a União Africana como organização e a todo o continente”.
O que o MRE de Israel não consegue ou finge não enxergar é que a atitude de seu governo de roubar terras a um povo que não cessa de oprimir e violentar é que leva Israel a um isolamento cada vez maior no cenário político e diplomático mundial. A nota israelense expõe mais ainda a estupidez do atual governo, enquanto que o gesto da União Africana em nada “danifica o continente”, como quer a nota israelense.
Ao contrário, a corajosa e sincera iniciativa foi uma expressão de solidariedade do continente africano ao povo palestino da maior altivez e humanidade, ainda mais quando a iniciativa partiu da representação de um país que sofreu duramente com o regime de apartheid.
ORGANIZAÇÕES ISRAELENSES PEDEM À ONU QUE CONDENE O ASSALTO AOS PALESTINOS
13 Organizações de direitos humanos e da sociedade civil lançam conclamação ao Conselho de Segurança da ONU para que haja contra os assentamentos ilegais no Território Palestino Ocupado, os quais o governo de Israel quer expandir com a construção de mais 10.000 unidades residenciais erguidas em terras ocupadas e agora roubadas.
Segundo a carta, a atitude é tão grave e criminosa que deixa os israelenses autores da missiva “fortemente alarmados” diante das graves consequências que um assalto premeditado pelo governo gerido por Netanyahu certamente trará não só aos palestinos, mas aos próprios cidadãos israelenses.
Devido ao firme e oportuno conteúdo da carta de 17 de fevereiro, a reproduzimos na íntegra:
“Nós, um grupo de organizações de direitos humanos e da sociedade civil com sede em Israel, estamos fortemente alarmadas pela recente decisão de nosso governo de expandir os assentamentos ilegais e seguir na construção de cerca de 10.000 novas unidades residenciais nestes assentamentos. Neste momento, nos voltamos para o Conselho de Segurança da ONU, como guardião da Lei Internacional, a que se coloque diante desta injustiça e faça valer a ordem com base nos direitos.
Como os Senhores deste Conselho estão cientes, o novo governo israelense é o mais ultradireitista que Israel já teve. Ao estabelecer como seu princípio diretor “promover e desenvolver assentamentos em todas as partes da Terra de Israel”, o governo tornou claro como cristal que está abertamente adotando uma política de anexação da Cisjordânia.
Desde 1967, governos israelenses consecutivos têm, ilegalmente, transferido cidadãos judeus ao Território Palestino Ocupado [OPT, sigla em inglês] com poucas consequências tangíveis por parte da comunidade internacional. Como resultado disso, 675.000 israelenses residem dentro dos assentamentos, desfrutando de direitos que são vastamente superiores aos permitidos à população palestina sob ocupação. Em apenas dois meses do atual governo, este programa está sendo acelerado com passos e medidas que visam normalizar o status dos assentamentos trazendo-os para a jurisdição de ministérios civis israelenses.
Os assentamentos não são ilegais apenas sob a Lei Internacional, eles são a causa primeira dos abusos sistemáticos e em larga escala cometidos contra os palestinos no OPT.
Terra palestina é tomada para estabelecer e desenvolver assentamentos. A liberdade de movimento e de acesso é bloqueada aos palestinos devido ao posicionamento estratégico entre e no entorno das comunidades palestinas, cuja contiguidade territorial é, consequentemente, quebrada.
Famílias e aldeias inteiras são ameaçadas de transferência forçada para darem lugar a construção de residências e de infraestrutura para servir aos assentamentos.
Estas ações são levadas a cabo pelo governo israelense para promover o projeto de assentamento, criando, portanto, fatos no terreno às expensas da população palestina sob ocupação e avançando na anexação de fato da Cisjordânia. Com assentamentos agora sendo adicionados ao mapa do OPT, o novo governo se aproxima de seu objetivo de erradicar a perspectiva de um Estado da Palestina.
Senhores membros do Conselho de Segurança, como órgão principal da ONU encarregado de garantir a paz e a segurança internacionais, os instamos a assumirem sua responsabilidade e a enfrentarem as políticas anexacionistas de Israel que vão contra a proibição internacional de aquisição de território por meio da força. Dada a urgência da situação, é hora de dar fim à inação e de demandar a retirada do projeto de assentamento na Cisjordânia em andamento. Somente pela observação da lei internacional na região será possível encetar passos em direção a que se alcance a autodeterminação, igualdade e paz tanto para israelenses, como para palestinos.
Organizações que assinam: Acadêmicos pela Igualdade; Rompendo o Silêncio; Combatentes pela Paz; Hamoked (O Foco) – Centro para a Defesa do Indivíduo; Haqel (Campo) – Em Defesa dos Direitos Humanos; Kerem Navot; Machsom Watch (Vigilância sobre os Postos de Controle); Mães Contra a Violência; Ofek (Horizonte) – Centro Israelense para Questões Públicas; Paz Agora; Médicos Pelos Direitos Humanos; Grupo de Trabalho Político e Torat Tzedek (Justiça da Torá)