Com mais de 100 atiradores dispostos ao longo da fronteira com a Faixa de Gaza, as forças de ocupação israelenses assassinaram 17 palestinos e feriram mais de 1.500.
No dia 30 de março de 2018, cerca de 50 mil palestinos de Gaza, em manifestação pacífica se dirigiram às cercas de arame farpado que separam Gaza de Israel, na caminhada que seus organizadores chamaram de Marcha do Grande Retorno, quando, por ordens militares do Estado Maior israelense, soldados abriram fogo com munição viva sobre a multidão, atirando para matar.
A Marcha do Grande Retorno foi convocada em conjunto por diversas organizações e partidos palestinos inclusive o Fatah e o Hamas.
Assim, como observa a declaração da Federação Árabe Palestina do Brasil – Fepal, para os palestinos, esta Sexta-feira Santa, 30 de março de 2018, na qual se reverencia, como em todos os anos, o sacrifício de Jesus Cristo na cruz, pelo bem da Humanidade, será lembrada como também como a Sexta-feira Sangrenta.
Esta sexta-feira, acontece no momento em que se aproxima a data de 14 de maio, quando os palestinos lembram os 70 anos da Nakba, a catástrofe, como chamam a implantação do Estado de Israel, com a expulsão pelo terror de 800 mil palestinos e a destruição de mais de 400 aldeias e cidades palestinas, em uma das maiores limpezas étnicas, planificada e executada de forma metódica e sistemática. Desde 1948, os palestinos que saíram de suas casas para se prevenirem de massacres que se sistematizavam, a exemplo de Dir Yassin, Ilabun e Dawayma, estão proibidos de retornar a sua pátria, a suas aldeias, a seus lares.
A informação sobre a dimensão do massacre parte do Ministério da Saúde da Palestina.
Logo antes das demonstrações e depois de haver postado os 100 atiradores em torres elevadas ao longo da fronteira, o Chefe do Estado Maior do que o regime israelense chama de Forças de Defesa de Israel, general Gadi Eizenkot, deu permissão aos soldados de abrirem fogo e declarou publicamente: “As instruções são para o uso de muita força”.
Já os organizadores da marcha alertaram os manifestantes a que permanecessem não violentos. De acordo com o site de notícias palestino, Ma’an News, “dezenas de cartazes foram dispostos ao longo da fronteira em árabe, inglês e hebraico com os dizeres: ‘Nós não estamos aqui para um confronto, estamos marchando para retornar a nossas terras’”.
Mas é exatamente isso que o Estado de Israel, de maioria judaica artificial e imposta por leis, assassinatos e prisões em massa de caráter racista, não quer permitir.
O protesto, que teve início em Gaza, deve se prolongar por seis semanas até o fatídico 14 de maio. Antes do ato foram erguidas tendas ao longo da fronteira para dar suporte aos manifestantes. Quando se dirigiam à fronteira os manifestantes proclamavam em uníssono: “Queremos retornar a nossas terras sem bombas ou derramamento de sangue! ”.
70% dos dois milhões de palestinos que vivem hoje na Faixa de Gaza são pessoas que foram expulsos de seus lares em 1948, ou seus descentes.
A sexta-feira, que caiu este ano no dia 30 de março, é também o Dia da Terra para os palestinos, pois nesta data, em 1976, no maior levante popular de palestinos no interior de Israel, foram mortos 6 jovens que participavam dos protestos pelo tratamento dado por Isael (que se propala a maior democracia do Oriente Médio) aos árabes que vivem em seu território: seguem tomando-lhes terras, dificultando-lhes a construção de moradias, restringindo-lhes direitos através de uma série de leis e normas discriminatórias.
Desde o ano de 1976, esta data é lembrada anualmente como o Dia da Terra.
Os palestinos estão elevando o nível massivo das manifestações exatamente por que este 14 de maio, o governo norte-americano, decide transferir sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém.
O faz, passando por cima de um consenso mundial de não reconhecer Jerusalém como capital de Israel enquanto o setor árabe da cidade, seguir ocupado, como ocorre desde 1967 e enquanto o Estado da Palestina, já reconhecido pela ONU, não for legitimado através de negociações de paz, pela libertação de todos os mais de 6 mil presos políticos, a desocupação de toda a Cisjordânia e Gaza, e o desmonte de todas os assentamentos judaicos ilegais, construídos ao longo destes 50 anos em terras assaltadas aos palestinos.
Ao anunciar a medida, um prêmio à ocupação e à barbárie punitiva utilizada por Israel para tentar debelar a resistência à ocupação, direito reconhecido dos povos, Trump declarou que a transferência de embaixada para Jerusalém era uma “oportunidade para a paz”.
A Autoridade Nacional Palestina declarou o sábado “Dia de luto nacional pela alma dos mártires”.
NATHANIEL BRAIA