
“️Pela primeira vez, foram registradas mortes por asfixia e pela intensa debandada de cidadãos nos centros de distribuição de ajuda”, informou o Ministério de Saúde. Mercenários da fundação administrada por Israel e EUA dispararam gás lacrimogêneo e spray de pimenta contra milhares de civis famintos, testemunharam médicos e sobreviventes
O exército de Israel voltou a atacar com gás lacrimogêneo, spray de pimenta e munição real uma multidão de palestinos que estava concentrada numa fila em busca de alimentos, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, causando a morte de pelo menos 21 pessoas nas primeiras horas desta quarta-feira (16), informaram médicos e sobreviventes.
Entre as vítimas fatais, 15 perderam a vida devido à inalação de gás lacrimogêneo disparado pelas forças de ocupação israelenses contra solicitantes de ajuda.
Descrevendo a covardia do ataque, o correspondente da agência de notícias WAFA, apontou que eram alvo fácil, já que milhares de civis desarmados e famintos esperavam desesperadamente pela ajuda humanitária, quando foram atacados. Esta é a primeira vez que mortes foram registradas devido à inalação de gás lacrimogêneo e tumultos em centros de distribuição de ajuda, que têm se tornado cada vez mais armadilhas mortais.
“Estávamos correndo como todo mundo. Chegamos ao portão e percebemos que estava fechado, havia milhares de pessoas lá. Os americanos [que acompanham o que deveria ser a distribuição de alimentos] atiraram gás lacrimogêneo contra a multidão para dispersá-la, o que causou uma debandada e muitas pessoas morreram enquanto eram esmagadas”, relatou uma testemunha.
Uma fonte médica do Hospital Nasser declarou à AFP que as vítimas buscavam qualquer tipo de ajuda, mas o portão principal do centro de distribuição estava fechado.
“As forças de ocupação israelenses e o pessoal de segurança privada do centro abriram fogo contra eles, resultando em um grande número de mortos e feridos”, relatou.
Há poucos dias, o Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas declarou que pelo menos 798 palestinos foram assassinados no enclave palestino desde o final de maio enquanto tentavam conseguir comida para suas famílias.
Além disso, 169 organizações humanitárias pediram no início deste mês o fim do mecanismo de distribuição de ajuda entre EUA e Israel, liderado pela chamada “Fundação Humanitária de Gaza” (GHF), com relatórios quase diários de palestinos sendo baleados e executados enquanto esperavam próximo a esses locais.
Falando na semana passada, a porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU, Ravina Shamdasani, disse que a maioria das vítimas sofreu “ferimentos de bala”. Tanto o exército israelense quanto os contratados do GHF foram acusados de realizar os assassinatos.
A ONU descreveu os locais do GHF como “armadilhas mortais”, “inerentemente inseguros” que representam uma violação dos padrões de imparcialidade humanitária.
As últimas mortes registradas próximas a centros de distribuição de ajuda humanitária ocorreram depois que um ataque israelense a um campo de deslocados em al-Mawasi tirou a vida de nove pessoas.
No total, pelo menos 81 palestinos, incluindo 25 pessoas que buscavam ajuda, foram mortos nesta quarta-feira, confirmaram fontes médicas.