Ele faz parte de delegação de 14 parlamentares italianos que esteve, entre segunda (4) e terça-feira (5), na região. É lamentável o silêncio das autoridades internacionais em relação ao episódio catastrófico
O governo de Israel está impedindo a entrada de ajuda humanitária ao povo palestino, em Gaza.
Foi o que denunciou o deputado italiano Angelo Bonelli, do partido Europa Verde, que esteve na região do conflito.
Bonelli faz parte de delegação de 14 deputados italianos que esteve, entre segunda (4) e terça-feira (5), na região. Ele lamenta o silêncio das autoridades internacionais em relação ao episódio catastrófico.
A informação foi divulgada, na última terça-feira (5), pelo portal Congresso em Foco, que publicou vídeo e muitas fotos feitas por Bonelli de caixas brasileiras, com suprimentos, que estão sendo barrados de ingressar na cidade palestina de Rafah.
SUPRIMENTOS PARA RAFAH
Segundo o parlamentar italiano, há pelo menos 30 caixas com filtros de água, refrigeradores, medicamentos, cilindros de oxigênio que chegaram do Brasil e que aguardam a autorização do governo Benjamin Netanyahu.
“Há uma situação catastrófica. Dois mil caminhões estão bloqueados há mais de 1 mês e aguardam para poder entrar em Gaza para entregar ajuda humanitária”, relatou.
De acordo com Bonelli, “as autoridades israelenses rejeitam essa ajuda porque acreditam que é incompatível e perigosa para a segurança do Estado de Israel”. “Uma loucura”, reforçou o deputado.
BLOQUEIO DESUMANO
O integrante do Parlamento italiano conta ainda que, ao todo, quase 400 caixas com ajuda enviadas por países, como França, Alemanha, Kuwait, Singapura, Espanha, Itália e Arábia Saudita também estão mantidas em galpão da Cruz Vermelha na cidade egípcia de Al Arish, a cerca de 20 km de Rafah.
“No armazém estão retidos cilindros de oxigênio, camas para cuidados de longa permanência, incubadoras, geladeiras, barracas no, incluindo painéis solares, não chegará a Gaza”, explicou Bonelli. Medicamentos também estão impedidos de chegar ao destino. “Eles também rejeitaram biscoitos de chocolate porque não eram produtos de necessidade básica”, acrescentou.
Até o momento, a embaixada israelense, em Brasília, ainda não respondeu aos questionamentos do site Congresso em Foco.
O bloqueio dos produtos brasileiros ocorre após as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que comparou o genocídio praticado em Gaza por Israel com os crimes de Hitler. Como resposta, o governo lunático de Netanyahu declarou Lula “persona non grata”.
Na última segunda-feira, Lula segurou bandeira da Palestina em solenidade em Brasília. Na ocasião, ele afirmou: “Vocês estão lembrados como apanhei quando falei da Palestina. Mas o tempo vai provar que eu estava certo”.
CRIANÇAS MORTAS
Segundo o deputado Angelo Bonelli, não há qualquer plausibilidade na justificativa usada pelo exército israelense de que os produtos oferecem “risco” à segurança do país.
“A Organização das Nações Unidas sabe o que está em curso, mas não pode fazer nada, porque vale o que o exército de Israel decidir, e a decisão é definitiva”, lamentou o deputado, que já morou em Santarém (PA) e fala português fluentemente.
Ao menos 12 crianças morreram em hospital pediátrico na Faixa de Gaza nos últimos dias.
A estatística mórbida salta aos olhos: 1 em cada 6 crianças, com menos de 12 anos, sofre de subnutrição aguda grave no enclave palestino, conforme dados divulgados, segunda-feira, pela ONU (Organização das Nações Unidas).
A OMS (Organização Mundial da Saúde) visitou os hospitais al-Awda e Kamal Adwan, no norte da Faixa de Gaza, no último fim de semana. Foi a primeira vez que a agência da ONU conseguiu visitar a localidade, desde outubro de 2023, quando começou o massacre perpetrado por Israel na região.