No ataque foram assassinados 83 palestinos
Nestas terça-feira (11) e quarta-feira (12) Israel demoliu três prédios residenciais na Faixa de Gaza. O terceiro deles, o Al Shourouk, assim como os outros dois, era um prédio residencial, mas abrigava também alguns escritórios de agências de notícias internacionais.
Esse novo estilo de retaliação, através das demolições provodada por mísseis atirados por caças israelenses, antes das quais os moradores foram avisados para saírem de seus apartamentos às pressas, sob o pretexo de resposta aos foguetes do Hamas, que mataram sete israelenses, é mais uma forma de punição coletiva no mais puro estilo nazista, pois nem os moradores, nem os jornalistas da mídia internacional têm nada a ver com os disparos que partiram de Gaza, notando que os foguetes foram lançados após dias seguidos da mais brutal agressão aos palestinos em Jerusalém durante o mês sagrado do Ramadã e o assassinato extrajudicial de pelo menos três comandantes do Hamas por forças israelenses.
Jornalistas da AFP, que estavam uma casa vizinha ao prédio disseram que a sensação “foi como se os mísseis explodissem em nossa sala”.
A rede Rússia Today divulgou o vídeo com a destruição do prédio de 16 andares:
https://www.rt.com/news/523629-gaza-alshourouk-tower-collapse-video/
Neste mais recente dos ataques israelenses a Gaza já há 83 palestinos mortos, dos quais 18 crianças, o que foi recebido com repúdio pela Unicef e manifestações contra mais esta agressão em Nova Iorque, Roma, Paris, Amsterdã, Amã, Beirute, Istambul, além das cidades palestinas na Cisjordânia.
Veja o vídeo com manifestações de solidariedade aos palestinos nas capitais de diversos países:
LÍDER ISRAELENSE QUER O AFASTAMENTO IMEDIATO DE NETANYAHU
Yair Lapid, líder opositor, encarregado pelo presidente israelense Reuven Rivlin das negociações para formar um governo que substitua o atual de Netanyahu, contestou a narrativa governamental de que o ataque a Gaza era uma resposta justificável aos foguetes lançados pelos grupos Hamas e Jihad Islâmico. Lapid disse que, ao contrário, todo o clima de tensão com os palestinos de Gaza, com os de Jerusalém e nas tensões entre palestinos e judeus em diversas cidades israelenses, foi causado pela desastrosa condução de Netanyahu: “Os acontecimentos desta última semana não podem servir de desculpa para manter Netanyahu e seu governo por mais tempo. Exatamente o oposto, os acontecimentos são exatamente a principal razão pela qual ele deve ser substituído o mais rápido possível”.
As manifestações de Lapid pelo fim do governo Netanyahu encontraram eco na imprensa israelense. O jornal Haaretz, em seu editorial do dia 11, cujos principais trechos reproduzimos, é intitulado “A substituição de Netanyahu é mais urgente do que nunca”:
Israel está mais uma vez no limiar de um amplo confronto militar na Faixa de Gaza. As barragens de foguetes disparadas pelo Hamas e o Jihad Islâmico sobre as cidades israelenses, causando mortes e ferimentos, assim como os bombardeios pela Força Aérea de Israel contra a Faixa de Gaza, conduzem em direção a uma guerra cuja duração e custo, em vidas humanas e propriedades é desconhecido.
Enquanto a situação diante da Faixa de Gaza se deteriora, protestos se espalham pelas cidades árabes por toda Israel.
Isso ameaça minar a delicada tessitura de coexistência e certamente, a frágil esperança de que se pudesse formar um governo baseado na cooperação entre árabes e judeus.
A violência [entre judeus e árabes] atingiu o pior momento nas cidades de Lod e Ramle, mas não cessou nas cidades de Haifa e Yafo e muitas outras localidades.
“MÁS DECISÕES”
As razões para a erupção deste protesto violento estão conectadas a uma série de más decisões tomadas em Jerusalém durante o Ramadã: a colocação de postos policiais de controle no portão de Damasco [entrada central para a Jerusalém Árabe], os confrontos no bairro de Sheikh Jarrah [onde dezenas de famílias palestinas são ameaçacas de despejo em massa], a manutenção estúpida da Marcha da Bandeira [com centenas de colonos e integrantes da ultra-direita israelense marchando no interior da cidade árabe portando uma profusão de bandeiras de Israel em meio a um clima já inflamado].
O comissário de polícia de Jerusalém, Yaakov Shabtai, teve um papel decisivo em tudo isso, e sua declaração de que a polícia foi ‘muito suave’ aponta para um problema preocupante em termos de percepção da realidade.
Mas a polícia está tendo que tratar com um problema muito mais profundo que entrou em erupção nestes dias – a realidade de 54 anos de ocupação. No seu desejo de combater o nacionalismo palestino, enfraquecê-lo ou até fazê-lo desaparecer, o primeiro-ministro Beniamin Netanyahu atacou e incitou contra os árabes israelenses de forma criminosa.
Ao invés de lidar com o problema, preferiu excluir, recorreu à discriminação de novo, a judaizar [através da colonização de mais terras palestinas], trouxe mais racistas para o Knesset [parlamento israelense].
Esta desastrosa estratégia está explodindo na face de Israel.
O que se requer, antes de tudo, é parar com a escalada e acalmar a situação. O presidente Reuven Rivlin fez a coisa certa ao pedir aos líderes árabes israelenses que lançassem um chamado decidido contra violência desenfreada. Mas isso não é suficiente.
Um primeiro-ministro responsável teria se imposto à polícia, conduzido um diálogo real com as lideranças árabes, observado o status quo na Esplanada das Mesquitas, não teria visualizado as cidades mistas como locais a serem judaizados, teria anunciado um plano para investir na sociedade árabe e, antes de tudo, teria parado com a incitação racial.
Netanyahu não é capaz de nada disso, daí porque é substitui-lo é mais urgente do que nunca.
LAVROV CHAMA ONU A REUNIR COM URGÊNCIA QUARTETO PARA O ORIENTE MÉDIO
Ao lado do secretário-geral da ONU, Antonio Guterrres, o ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov pediu – diante da escalada das tensões na região – uma reunião urgente do Quarteto para o Oriente Médio, composto pela Rússia, ONU, União Europeia e Estados Unidos.
O Quarteto foi estabelecido em Madri, em 2002, com a finalidade de fazer avançar as negociações de paz entre israelenses e palestinos, mas foi sistematicamente sabotado pelo governo israelense durante as gestões comandadas por Netanyahu e, mais recentemente, pela Casa Branca durante o governo Trump, a quem o presidente palestino, Mahmoud Abbas, denunciou de “assalto à Lei Internacional”.