Diversos ativistas judeus norte-americanos foram detidos por tropas da ocupação israelense quando participavam de uma atividade solidária aos palestinos na manhã desta sexta-feira, nas proximidades das aldeias de Susiya e Um al Kheir e das colinas localizadas ao sul da cidade de Hebron.
Os norte-americanos integravam uma caravana de 100 pessoas e que também incluía palestinos, israelenses. Jornalistas também acompanhavam a atividade que consistia em reabrir uma estrada que conecta 16 aldeias palestinas na região. A estrada foi fechada por militares israelenses com buracos e barreiras de pedras.
Os norte-americanos vítimas da truculência dos militares israelenses fazem parte de uma delegação de 42 judeus dos Estados Unidos e Canadá que estava nos territórios palestinos em uma programação de duas semanas organizada pelo Centro pela Não-Violência Judaica com sede nos EUA.
O centro busca promover a coexistência entre judeus e palestinos em meio à resistência à ocupação israelense.
O CJNV, assim como uma série de entidades judaicas israelenses tem atuado em conjunto com uma corrente palestina de resistência à agressão israelense através de ações civis. Entre elas, se destacam, há alguns anos, as manifestações todas as sextas-feiras nas aldeias da região onde estavam os integrantes da delegação.
Os ativistas, mais de 100, usavam camisetas com os dizeres: “Não à Ocupação”, escritos em árabe, hebraico e inglês.
Eles estavam tapando os buracos e carregando para fora da Estrada as pedras que a obstruíam.
Em menos de uma hora chegou um pelotão israelense. Os soldados cercaram os ativistas e os afastaram da estrada.
Disseram que aquela região era, agora, “uma zona militar fechada” e que eles tinham 10 minutos para saírem ou serem presos.
Passados os dez minutos, sem que os ativistas saíssem do local, e começou uma chuva de granadas de gás lacrimogêneo. Os ativistas norte-americanos formaram um círculo de braços dados para proteger os palestinos presentes à atividade e começaram a cantar “Judeus estão aqui/ na luta para acabar com a ocupação”.
Os soldados começaram a puxar ativistas pelos braços, pernas e roupas. 10 judeus, três palestinos e dois jornalistas foram arrastados pelo chão e colocados em veículos militares.
Os detidos foram levados dali para somente mais tarde serem soltos. Os que permaneceram voltaram à atividade.
Solto algumas horas mais tarde, Aaron Goldstein, de 26 anos, declarou que foi jogado ao chão e teve as mãos atadas. “Tive o rosto empurrado ao chão. Pensei que ia sufocar”, disse ele.
“Não senti medo de morrer, mas senti dor”, acrescentou.
“Pensando no que estamos fazendo aqui”, prosseguiu Goldstein, “estamos tapando alguns buracos em uma estrada para diminuir um pouco o sofrimento imposto aos palestinos e, em poucos minutos, somos vítimas de extrema violência física”.
Um dos organizadores da atividade, Ashley Bohrer, declarou que o propósito da ida da delegação aos territórios palestinos era aprender com as comunidades locais. “Durante os últimos dois dias, os integrantes da delegação visitaram as aldeias de Susiya e Um Al Kheir para ouvir histórias e compartilhar de um almoço”.
Ambas as aldeias são agora cercadas por assentamentos judaicos construídos em terras assaltadas aos que vivem nas duas aldeias. Quando eles se manifestam, mesmo pacificamente, recebem ameaças de prisão e de demolição de suas casas.
“Estivemos por aqui para ouvir a comunidade. E o fato é que a vida dos palestinos nesta área é incrivelmente imprevisível, o exército de Israel pode chegar a qualquer momento com truculência e atrocidades”, prosseguiu Bohrer.
Jornalistas presentes tentaram interpelar os soldados que atacaram a delegação de ativistas, mas nenhum deles fez qualquer comentário.
NATHANIEL BRAIA