
“Marwan Sultan era um médico raro. Um homem de profunda competência e uma consciência ainda ímpar. Não perdemos apenas um médico, perdemos um homem que foi um salva-vidas para muitos”, declarou o diretor-geral do Ministério da Saúde, Munir Bursh
O cardiologista Marwan Sultan – um dos dois únicos restantes na Faixa de Gaza – se encontrava em casa com a família na quarta-feira (2) quando foi assassinado por Israel ao lado da esposa, da filha, do genro e da irmã. Diretor do Hospital Indonésio, Sultan é o 70º profissional de saúde a ser morto pelos sionistas nos últimos 50 dias, e um dos mais de 1.400 executados desde a covarde invasão ao território palestino em 7 de outubro de 2023.
“Meu pai era apenas um médico, apenas um ser humano cuidando de pacientes”, declarou emocionado Ahmad, um dos filhos sobreviventes de Marwan, relatando que os Sultan estavam vivendo em um apartamento com outras cinco famílias quando uma bomba israelense atingiu o local.
“Ele era um médico raro. Um homem de profunda competência e uma consciência ímpar. Não perdemos apenas um médico, perdemos um homem que foi um salva-vidas para muitos”, lamentou entre lágrimas o diretor-geral do Ministério da Saúde, Munir Bursh.
CRUZ VERMELHA REITERA “URGÊNCIA NA PROTEÇÃO AO PESSOAL MÉDICO E ÀS INSTALAÇÕES”
Diante da sucessão de barbáries, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) lançou um comunicado em que “reitera urgentemente seu apelo pela proteção do pessoal médico e das instalações médicas em Gaza”. “Eles devem ser respeitados e protegidos para garantir uma tábua de salvação para os feridos e doentes”, enfatizou o CIVC.
A situação é ainda mais absurda, assinalou o CICV pois os ataques israelenses ocorrem quando “o já dizimado sistema de saúde de Gaza luta para absorver um aumento implacável de casos críticos” e que quase todos os hospitais foram fechados ou destruídos pela repetição de ataques israelenses.
No Hospital Al-Shifa, uma equipe da NBC News registrou a dor de familiares e colegas enlutados junto ao corpo de Sultan e testemunhou como seu corpo foi recebido por pessoas que o abraçavam e beijavam, e como a dor de seus lamentos e agonia da perda ressoaram pela sala.
O Ministério da Saúde Palestino elogiou a “longa carreira de doações de Sultan nas áreas da medicina e da compaixão, durante a qual ele foi um símbolo de dedicação, firmeza e sinceridade nas circunstâncias mais difíceis”. Referindo-se à morte de Sultan, o ministério acusou as forças israelenses de um padrão mais amplo de assassinatos e detenções de médicos de Gaza que incluem os doutores Ahmed Al-Kahlout e Hussam Abu Safiya, detidos pelas forças de Netanyahu há mais de 500 dias.
Ataques aéreos israelenses ainda mataram na quarta-feira e qinta-feira 300 palestinos, incluindo dezenas que aguardavam ajuda em locais de distribuição, as “armadilhas da morte”, de acordo com Marwan al-Hams, diretor dos hospitais de campanha de Gaza.