O ex-ministro das Relações Exteriores e atual assessor de Lula, Celso Amorim, afirmou que os ataques do Hamas contra Israel decorrem de “anos e anos de tratamento discriminatório e de violências” de Israel contra os palestinos.
“Os ataques a civis têm que ser condenados e não se justificam, mas não podem ser vistos como um fato isolado. Vem depois de anos e anos de tratamento discriminatório, de violências, não só na própria Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia”, disse o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Amorim lembrou do ataque de Israel em Jenin, na Cisjordânia, em julho de 2023. Pelo menos oito palestinos morreram, enquanto 50 ficaram feridos, na operação israelense que contou com centenas de militares.
Na época, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu disse que a cidade tinha se tornado “um refúgio para o terrorismo”.
Celso Amorim disse que isso “não justifica” o ataque do Hamas contra Israel, “mas o que eu vejo é que o resultado dessa atitude, do aumento dos assentamentos israelenses, é a dificuldade de avançar no plano de paz”.
Segundo ele, as ações de Israel deixaram mais distante a perspectiva de paz na região.
Amorim disse que os governos de Israel que vieram depois da Conferência de Anápolis, ocorrida em 2007, nos Estados Unidos, “deixaram de lado o processo de paz, fizeram vários ataques a Gaza, aumentaram os assentamentos, e tudo isso acabou gerando essa situação”.
“O que acabou de acontecer é apenas uma demonstração, grave, com consequências, do que acontece pela perda da esperança na paz”, comentou.
O presidente Lula defendeu que a solução do conflito precisa passar pela garantia da “existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”.