
Anas Al-Sharif, jornalista premiado, foi morto junto com dois cinegrafistas da Al Jazeera. Al Sharif vinha sendo ameaçado por Israel e foi assassinado após publicar vídeos sobre o ataque o aéreo
O jornalista da Al Jazeera, Anas Al-Sharif, junto com outro correspondente e dois cinegrafistas do veículo árabe foram mortos em um ataque israelense a uma tenda na Cidade de Gaza, minutos após postar vídeos do bombardeio.
Uma hora antes de falecer, com uma mensagem para seus seguidores Anas acessou o X (anteriormente conhecido como Twitter) e afirmou: “A quem possa interessar, a ocupação agora ameaça abertamente uma invasão em larga escala de Gaza. Há 22 meses, a cidade sangra sob bombardeios implacáveis por terra, mar e ar. Dezenas de milhares foram mortos e centenas de milhares ficaram feridos”.
Ele acrescentou: “Se essa loucura não acabar, Gaza será reduzida a ruínas, as vozes de seu povo silenciadas, seus rostos apagados — e a história se lembrará de vocês como testemunhas silenciosas de um genocídio que vocês escolheram não impedir. Compartilhem esta mensagem e marquem todos que têm o poder de ajudar a acabar com esse massacre. Silêncio é cumplicidade”.
De acordo com a Al Jazeera, Al-Sharif, 28, foi morto quando uma tenda usada por jornalistas do lado de fora do portão principal do Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, foi atingida por um ataque aéreo israelense.
ANAS AL-SHARIF ERA JORNALISTA PREMIADO
Anas Al-Sharif era um conhecido jornalista radicado em Gaza que realizou extensas reportagens na parte norte da Faixa para a Al Jazeera em árabe. Formado pela Faculdade de Mídia da Universidade de Al-Aqsa, na Cidade de Gaza, recebeu o Prêmio de Melhor Jovem Jornalista da Palestina em 2018 por suas reportagens.
Em julho, o porta-voz militar israelense Avichay Adraee postou um vídeo nas redes sociais acusando Al-Sharif de ser membro do braço armado do Hamas, sem nenhuma base na realidade.

Al-Sharif com os dois filhos (arquivo de família)
A Al Jazeera Media Network rejeitou a alegação e acusou Israel de realizar uma “campanha de incitação” contra seus jornalistas.
“A rede condena e denuncia veementemente esses esforços implacáveis, que têm consistentemente incitado a violência contra sua equipe desde o início da cobertura da guerra israelense em Gaza. A rede considera essa incitação uma tentativa perigosa de justificar a perseguição de seus jornalistas em campo”, afirmou a rede do Catar.
O Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) respondeu aos comentários de Adraee no mês passado, pedindo à comunidade internacional que protegesse Al-Sharif.
“Esta não é a primeira vez que Al-Sharif é alvo do exército israelense, mas o perigo à sua vida agora é agudo”, disse a diretora regional do CPJ, Sara Qudah, em um comunicado.