“Estamos profundamente preocupados com os crescentes ataques contra os profissionais de saúde e as instalações de saúde no Líbano”, afirmou a porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Harris, nesta sexta-feira (1º), no momento em que a organização já computa 102 mortos e 83 feridos nos últimos ataques de Israel ao Líbano.
“No total, foram verificados 55 ataques, mas o Departamento de Saúde informa que os números são muito maiores, com muitos trabalhadores mortos e feridos fora do serviço. Isso é importante porque os sistemas de saúde já estão sobrecarregados”, assinalou a porta-voz.
Destacou que “os profissionais de saúde estão sofrendo de estresse e deslocamento. Continuamos a perder profissionais de saúde num momento em que são mais necessários”, ao mesmo tempo em que reiterou “uma e outra vez que os cuidados de saúde não devem ser um alvo e os profissionais de saúde não devem ser um alvo”.
“Todos estão sofrendo para obter o nível de cuidados médicos de que necessitam devido aos contínuos ataques ao sistema de saúde”, observou, enfatizando que o sistema de saúde no Líbano já estava numa situação crítica.
“O acesso aos cuidados médicos é uma verdadeira luta para todos no Líbano, mas, claro, o problema é maior nas áreas onde os hospitais foram atacados”, frisou a diretora da OMS.
Pelo menos 2.897 pessoas foram mortas no Líbano e 13.150 ficaram feridas em ataques israelenses desde o início da guerra em Gaza, segundo o Ministério da Saúde libanês.
CIDADES HISTÓRICAS DESTRUÍDAS
Por outro lado, outra violência que Israel está cometendo contra o Líbano é a destruição da sua memória. A partir de 7 de Outubro passado, os incessantes bombardeios israelenses atingiram as importantes mesquitas de Yaroun, Kfar Dunin, Maroun al Ras, Tayr Debba, Kfar Tibnit, Qantara,
Blida e Mijdal Salem; bem como um templo feminino na cidade de Mifdoon e uma igreja católica grega melquita na cidade de Tiro.
Todos estes centros religiosos foram danificados ou destruídos, confirmou a ONU, ao mesmo tempo em que informava que as forças israelenses também destruíram ou danificaram com explosivos duas mesquitas em Abbasieh e Al-Dhaira, e a mesquita Om At-Tout em Tiro.
“Todas as partes no conflito devem ter cuidado especial nas operações militares para evitar danos a edifícios dedicados à religião ou a outros locais de importância cultural ou histórica”, afirmou a ONU.
As antigas cidades fenícias no Líbano correm o risco de ficar em ruínas devido à nova escalada de tensões entre aquele país e Israel, alertou a coordenadora especial das Nações Unidas para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert.
“As recentes ordens de evacuação para as cidades de Baalbek e Tiro forçaram dezenas de milhares de libaneses a fugir de suas casas, agravando uma situação já catastrófica de deslocamento em massa. Antigas cidades fenícias ricas em história correm grande risco de serem deixadas em ruínas”, publicou Hennis-Plasschaert. em sua conta nas redes sociais.
Acrescentou que “a herança cultural” do Líbano “não deve tornar-se mais uma vítima” dos ataques perpetrados por Israel.