“Só têm acesso a água bem salgada para beber”, diz brasileiro. O presidente Lula está disparando telefonemas a líderes da região, apelando para que o grupo seja autorizado a deixar a Faixa de Gaza. Até agora não houve acordo e a fronteira permanece fechada e sob bombardeio
Israel nega existência de acordo para interromper o bombardeio para retirada de estrangeiros de Gaza. Os brasileiros aguardam no sul de Gaza autorização para passarem pela fronteira com o Egito. O presidente Lula está disparando telefonemas a líderes da região, apelando para que o grupo seja autorizado a deixar a Faixa de Gaza.
O chanceler egípcio, Sameh Shoukry, disse, nesta segunda, que o governo de Israel não tomou nenhuma posição desde que a guerra começou para que a fronteira de Gaza fosse reaberta. Os bombardeios continuam na região.
Um grupo de 19 brasileiros que está na cidade palestina de Rafah, ao sul da Faixa de Gaza, foi alocado no sábado (14) pela Embaixada do Brasil na Palestina em uma casa alugada na região. Outros 12 brasileiros estão em um prédio na cidade de Khan Younes, mais distante da fronteira com o Egito. Eles devem ser deslocados em direção a Rafah, posteriormente, quando houver sinalização de que poderão atravessar a fronteira com o Egito.
O Brasil, a comunidade internacional, agências humanitárias e milhares de palestinos vivem a expectativa de que a passagem entre a Faixa de Gaza e o Egito possa ser aberta nesta segunda-feira, enquanto negociadores tentam costurar um acordo. Mas, diplomatas brasileiros, tanto em Ramallah como do lado egípcio da fronteira, garantiram que o ponto de cruzamento continua fechado e sob bombardeio constante de Israel.
O governo do Cairo acusa Israel de não estar aceitando um acordo. Segundo os egípcios, as autoridades israelenses bombardearam o lado de Gaza da fronteira, o que torna difícil a passagem de veículos.
O governo brasileiro planeja buscar as pessoas de avião no território egípcio. O avião, de uso da Presidência da República, foi enviado de Brasília para Roma e, na capital italiana, aguarda autorização para ir para o Egito. Lula conversou por telefone com o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi e pediu a abertura da fronteira e ajuda para a retirada dos brasileiros. Na ONU, o governo brasileiro defende a abertura de corredores humanitários.
O morticínio de civis prossegue em Gaza, que está cercada, sem água, sem alimentos e sem energia. Hasan Rabee, um brasileiro que está na cidade de Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza disse nesta segunda-feira (16) que as pessoas da região só têm acesso a água bem salgada para beber.
“Desde o começo desses ataques e do conflito, a gente está sem água para tomar banho, se lavar, só temos água bem salgada para beber”, disse ele em entrevista à TV Globo.
Hasan Rabee faz parte do grupo de brasileiros em Khan Younes que o Itamaraty pretende repatriar quando atravessar a fronteira com o Egito. “Minha esposa ficou o dia inteiro chorando e a gente estava com bastante esperança ontem que a gente já estaria no Egito neste momento por que disseram que iam abrir a fronteira às 9h (3h no horário de Brasília). Ficamos preparados, prontos com as crianças, dissemos pra elas que iríamos pra casa, mas infelizmente até esse momento nada”, disse Hasan.