Intenso bombardeido israelense neste final de semana, com 320 alvos na Faixa de Gaza atingiu 310 prédios residenciais, incluindo dois edifícios, portos de pesca, prédios de duas universidades, uma mesquita, várias escolas, três agências de notícias e três ambulâncias.
O bombardeio foi em retaliação a uma saraivada de foguetes desde a Faixa de Gaza, contra a região sul de Israel lançados de forma provocativa pelo Hamas.
Nesta segunda-feira, teve início um cessar-fogo após perdas com 4 israelenses e 31 palestinos mortos, além de dezenas de feridos do lado israelense e mais de 150 feridos entre os moradores de Gaza.
Entre as vítimas palestinas, um bebê de 14 meses, Saba Mahmoud Arar e uma mulher grávida, Falasten Saleh Abu Arar, que morreu junto com sua criança.
As organizações palestinas do Hamas e Jihad Islâmico dispararam, entre o sábado e o domingo, 600 foguetes atingindo casas e um jardim de infância do lado israelense. Mais danos entre civis israelenses foram evitados graças a um sistema de abrigos: centenas de milhares de israelenses conseguiram se preservar no interior destas proteções, durante este final de semana.
Dirigentes da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e da Organização de Libertação da Palestina (OLP) expediram comunicados condenando o bombardeio israelense. O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, instou a ONU a intervir para “garantir que Israel pare com mais este massacre na Faixa de Gaza sob cerco e bloqueio”.
Para o premiê palestino, “a Comunidade Internacional não pode permanecer silente diante dos crimes da ocupação israelense contra os palestinos. Nós não aceitamos a adoção de uma posição neutra colocando no mesmo patamar o perpetrador e a vítima”.
O presidente palestino, Mahmud Abbas fez intensos contatos, com um amplo leque de dirigentes, durante os dois dias de embates, para contribuir para um cessar-fogo. Ele agradeceu a participação do governo do Egito nas mediações que levaram a uma suspensão das hostilidades.
Ao tempo em que se solidarizou com os palestinos de Gaza por suas perdas, a ANP destacou a “importância do fortalecimento da unidade nacional palestina de forma a confrontarmos o massacre em Gaza e os crimes da ocupação israelense contra o conjunto da nação s palestina”.
O ataque do Hamas e do Jihad foi realizado em meio a um bloqueio que empobrece a população, privada de condições básicas de sobrevivência (água potável inacessível para grande parte da população de dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza, parca alimentação, bloqueio de material de construção tornando extremamente lenta a recuperação de prédios danificados em três grandes ataques e inúmeros bombardeios, bloqueio à entrada de combustível para alimentar as termelétricas deixando os palestinos que ali vivem sujeitos a apagões constantes e ainda um dos percentuais mais elevados do mundo em termos de desempregados, 52% em 2018, enquanto a taxa era de 44% em 2017).
AGRESSÃO ISRAELENSE
Além disso, desde 30 de março de 2018 até agora, foram mortos 270 palestinos, participantes da Grande Marcha do Retorno, sob balas israelenses. Essa marcha consiste em atos próximos à fronteira de Gaza com Israel realizados toda semana, em protesto contra o bloqueio a Gaza e a transferência da embaixada dos Estados Unidos para a Jerusalém, cujo setor árabe está sob ocupação há mais de 50 anos.
Mesmo nestas circunstâncias adversas e com clareza do caráter opressor e usurpador da ocupação israelense, não se justifica o intermitente lançamento de foguetes, desta vez 600 em dois dias, contra alvos civis, contra regiões residenciais israelenses. Tal ação, além de levar a insuportáveis danos à vida dos palestinos, sob governo do Hamas, como resultado das retaliações israelenses que multiplica o presjuízo que a facção palestina consegue infligir. Além disso, facilita a ideologia de incitamento anti-árabe que ajuda a direita israelense a se manter no poder, permitindo que a política de hostilidade contra os palestinos em geral siga a carga total (demolição de casas palestinas, usurpação de terras, prisões em massa, humilhação de multidões palestinas nas centenas de postos de controle espalhados na Cisjordânia, e maus tratos nas prisões e nos interrogatórios levados a cabo pelas forças da ocupação).
ATROPELO À UNIDADE
O mais grave é que a linha de ação do Hamas e do Jihad, além de não estar em consonância com a unidade nacional na resistência à ocupação, encarnada pela Autoridade Nacional Palestina pela conquista de seus direitos nacionais, amplamente reconhecidos, inclusive pela imensa maioria dos membros da ONU, se mostra em aberta contradição com a formulada e colocada em ação pela ANP.
Uma estratégia que, debatida amplamente em diversos congressos palestinos, é muito mais capaz de isolar o regime israelense, em particular sua direita e que consiste em uma ampla ofensiva diplomática respaldada em ações constantes de massa contra a usurpação de terras, demolição de casas e destruição de fontes de água e estradas, a exemplo dos atos realizados semanalmente nas aldeia de Bil’in, Nil’in, Susiya, Beit Umar, Silwan, Sheikh Jarra, Nabi Saleh (aldeia da jovem Ahed Tamimi, que ficou mundialmente famosa ao resistir à entrada de soldados da ocupação em sua residência); ações para as quais os palestinos têm crescentemente contado com o apoio de judeus em Israel e fora dele, além de ativistas das mais diversas origens em todo o mundo. Atividades que deixam à mostra a verdadeira característica indefensável do regime israelense de apartheid.
NATHANIEL BRAIA