Israel sequestra deputada federal brasileira e lideranças internacionais na Flotilha humanitária a Gaza

Foto mostra momento em que ativistas de um dos barcos da Flotilha são sequestrados por Israel (Redes)

Deputadas Federais Luzianne Lins, do Brasil, e Mariana Mortágua, de Portugal, além da destacada ativista Greta Thunberg e dezenas de outros integrantes da missão para romper o bloqueio a Gaza foram sequestrados pelas forças israelenses após abordagem agressiva aos barcos que se encontravam em águas internacionais

Veja as declarações da deputada denunciando o sequestro:

A Flotilha humanitária Sumud que ruma para Gaza foi interceptada nesta madrugada pelas forças coloniais israelenses, que abordaram os barcos e sequestraram ativistas, vindos do mundo inteiro, entre os quais a deputada federal brasileira Luizianne Lins, a deputada portuguesa Mariana Mortagua, a deputada francesa Emma Fourreau, a ecologista Greta Thunberg, e o brasileiro Thiago Ávila, já detido em junho quando participava de missão anterior da Flotilha da Liberdade.

A missão internacional busca levar alimentos, água e medicamentos à Faixa de Gaza e é integrada por mais de 500 pessoas, entre parlamentares, juristas e ativista, de 46 países, em 44 barcos, em socorro da martirizada população palestina há mais de 600 dias submetida à fome, deslocamento forçado e genocídio.

O porta-voz da Flotilha Global Sumud, Saif Abukeshek, forneceu uma “atualização da missão” em um post no Instagram, confirmando que as forças israelenses interceptaram 13 barcos no mar. Havia mais de 201 pessoas de 37 países nesses barcos, incluindo 30 participantes da Espanha, 22 da Itália, 21 da Turquia e 12 da Malásia. Luizianne viajava no barco Grande Blu. Até o momento da edição, outros 30 barcos seguiam tentando chegar a Gaza.

Conforme o precedente de junho, quando o barco Madleen, da Flotilha da Liberdade, foi capturado em circunstâncias semelhantes, os ativistas devem ser posteriormente deportados.

Milhares marcharam em cidades no mundo inteiro – como Buenos Aires, Berlim e Atenas – tão logo se soube da interceptação da flotilha e se multiplicam as convocações por manifestações de repúdio.

Em Roma, centenas de pessoas gritando “vamos bloquear tudo” se reuniram em frente à estação Termini da cidade, levando as autoridades a limitar o acesso e fechar algumas estações de metrô. Manifestantes pró-palestinos marcharam em Milão, Turim e Gênova, enquanto manifestantes em Nápoles e Pisa ocuparam brevemente as plataformas das estações e bloquearam trens. Milhares também se reuniram em Bolonha carregando faixas e bandeiras.

A mídia italiana estimou que 10.000 manifestantes tomaram as ruas de Roma em apoio à Flotilha, enquanto as redes de televisão locais especulavam sobre o destino dos vários parlamentares italianos que faziam parte da flotilha. Os manifestantes gritavam slogans como “Palestina Livre” e pediam a renúncia da primeira-ministra Giorgia Meloni.

Duas das maiores centrais sindicais do país convocaram uma greve geral para sexta-feira. “A agressão contra navios civis que transportavam cidadãos italianos é um assunto extremamente sério”, disse a CGIL, enquanto a USB chamou a bloquear o porto de Gênova.

Em Portugal estão marcadas manifestações em Lisboa e mais 10 cidades.

Governos no mundo todo reagiram ao assalto israelense à missão humanitária. O Ministério das Relações Exteriores da Turquia chamou o “ataque” de Israel à flotilha de “um ato de terror” que colocou em risco a vida de civis inocentes. O presidente colombiano, Gustavo Petro, expulsou na quarta-feira todos os diplomatas israelenses restantes do país pelo que chamou de “um novo crime internacional” do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

O ministro das Relações Exteriores da Irlanda chamou a flotilha de “missão pacífica para lançar luz sobre uma terrível catástrofe humanitária”. Entre os sequestrados está um senador do partido Sinn Féin.

O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, condenou a interceptação, dizendo que “essas embarcações transportavam civis desarmados e suprimentos humanitários vitais para Gaza, mas foram recebidos com intimidação e coerção”. Ele disse que usaria “todos os meios legítimos e legais” para responsabilizar Israel pela detenção dos malaios. O Ministério das Relações Exteriores do México exigiu que os direitos de seus cidadãos na flotilha sejam respeitados.

Em nota, o Itamaraty afirmou que “o governo brasileiro acompanha com preocupação a interceptação pela marinha israelense de embarcações da ‘Flotilha Global Sumud’, que contam com presença de cidadãs e cidadãos brasileiros, incluindo parlamentares.”

Após recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais e o caráter pacífico da flotilha, o comunicado “deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica. No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas.”

“Reitera, nesse contexto, exortação pelo levantamento imediato e incondicional de todas as restrições israelenses à entrada e distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, em consonância com as obrigações de Israel, como potência ocupante, à luz do direito internacional humanitário.”

A nota assinala que a Embaixada do Brasil em Tel Aviv está em contato permanente com as autoridades israelenses, “de modo a prestar a assistência consular cabível aos nacionais, conforme estabelece a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.”

Os brasileiros nos barcos até agora interceptados são: Barco Grande Blu – Luizianne Lins, deputada federal pelo PT; Barco Alma – Thiago Ávila (membro do Comitê Diretor da Global Sumud Flotilla); Barco Sirius – Mariana Conti, vereadora de Campinas pelo PSOL, Nicolas Calabrese, professor e coordenador da Rede Emancipa no Rio de Janeiro, Bruno Gilga, trabalhador da USP, Lisiane Proença, comunicadora popular, Magno Costa, diretor do SINTUSP; Barco Adara – Ariadne Telles, advogada, e Mansur Peixoto, criador do projeto História Islâmica; Barco Spectre – Gabi Tolotti, presidente do PSOL-RS e Mohamad El Kadri, coordenador da Frente Palestina de São Paulo; Barco Yulara – Lucas Gusmão, ativista

Ministérios do Exterior da França, Itália e Espanha alertam Israel para garantia de integridade de participantes da Flotilha.

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