Nitzan Horowitz, presidente do Meretz (Energia, em hebraico), o ex-premiê Ehud Barak, líder do Partido Israel Democrático e a deputada Stav Shaffir, do Partido Trabalhista, anunciaram, dia 25, em Tel Aviv, a formação da lista Campo Democrático com a qual estas lideranças vão concorrer ao Knesset (parlamento israelense) em 17 de setembro.
Ao anunciarem a formação da lista, suas lideranças destacaram que “é dado o primeiro passo para recolocar Israel nos trilhos” e que a união de forças é fundamental para barrar Bibi Netanyahu de conseguir um novo mandato de primeiro-ministro.
“Estamos embarcando em uma rota que em um mês e meio levará à substituição do atual comando e trará a mudança social. Essa nova organização defenderá Israel do racismo, da corrupção, da ocupação e coerção religiosa”, afirmou Horowitz, que encabeçará a lista e cujo partido é o mais coerente defensor do acordo de paz com os palestinos com base no fim da ocupação e no estabelecimento dos dois Estados, Israel nas fronteiras de 1967, e Palestina em Cisjordânia e Gaza.
Para configurar a lista o ex-premiê, Ehud Barak, que firmou com Yasser Arafat o Acordo de Taba, continuação dos Acordos de Oslo, assinados por Arafat e Rabin (assassinado por um extremista de direita, Ygal Amir), aceitou ocupar a 10ª posição.
A líder do Meretz no parlamento, Tamar Zandberg, ficará na quarta posição e a deputada Shaffir, que saiu do Partido Trabalhista para integrar o Campo Democrático, ficará com a segunda posição na lista formada agora.
“Todos fizemos escolhas difíceis para estarmos aqui”, disse a deputada Shaffir, ao falar ladeada por Horowitz e Barak, “o Partido Trabalhista é minha casa, mas a vizinhança está em fogo, o país está em fogo. Quando sua casa está incendiando é preciso sair e começar a reconstruí-la”.
Ela pediu aos eleitores árabes israelenses que apoiem o Campo Democrático.
O ex-ministro Barak, que pediu a 10ª colocação na lista para facilitar a fusão, declarou que sua “esperança é que este primeiro passo conduza a novas alianças para garantir Israel como país democrático”.
“A esquerda israelense está se tornando uma força significante hoje, a era da prostração à direita está chegando ao fim. Hoje, ser chamado de esquerdista é um elogio”, acrescentou Barak.
“Nós vamos diminuir o fosso social, trabalhar em direção à paz com os palestinos e defender a democracia”, acrescentou e, dirigindo-se a Netanyahu, declarou: “Seu tempo esgotou, chega! Em 17 de setembro você vai para casa”.
A fusão já teve repercussões importantes. O vice-líder dos trabalhistas, Itzik Shmuli, pediu ao presidente de seu partido, Amir Peretz, que reconsidere sua posição de oposição à fusão e apoie a entrada dos trabalhistas para a lista Campo Democrático e declarou: “Eu tenho muita esperança que, no tempo que nos resta, vamos conseguir que o Partido Trabalhista venha a participar desta fusão” e, apontando para, caso o partido não faça esse movimento, que ele, Shmuli, venha a fazê-lo, acompanhando a atitude da deputada Shaffir, disse: “Na próxima semana vou decidir o meu futuro político”.
Benny Grantz, líder da lista Azul e Branca, que chegou perto de ser indicado ao cargo de primeiro-ministro, numa coligação que disputou a maioria parlamentar com Netanyahu, forçando-o a convocar as novas eleições que vão ocorrer em 17 de setembro, saudou a formação do Campo Democrático.
No dia 20, os representantes dos quatro partidos árabes israelenses, Hadash, Ta’al, Ra’am e Balad, já haviam anunciado que vão concorrer em uma lista única, a Lista Árabe Unida. Estes partidos concorreram em duas listas nas eleições recentes. O deputado Ayman Odeh pelo partido Hadash (Comunista), que deve encabeçar a nova lista, declarou: “Nós estamos absolutamente comprometidos em concorrer em uma lista unificada com base em um único programa de governo. Temos um passado comum, uma visão comum e, hoje, uma lista comum. Vamos lutar pelos direitos da sociedade árabe em Israel, pela paz e pela democracia para todos os cidadãos de Israel”.
NATHANIEL BRAIA