Israelenses protestam contra fome imposta aos palestinos de Gaza

"Esfomear é crime de guerra", dizem cartazes erguidos ao lado de fotos de crianças famintas em Gaza durante protesto em Tel Aviv (Tomer Appelbaum/Haaretz)

Manifestação em Tel Aviv foi convocada pela organização de árabes e judeus “Juntos de Pé”

Portando fotos de crianças palestinas emaciadas, centenas de manifestantes se reuniram na praça em frente ao teatro “Habima”, em Tel Aviv, para protestar contra a agressão de Netanyahu à Faixa de Gaza.

“Não conseguimos acreditar que precisamos marchar contra o esfomeamento de crianças e de civis inocentes”, afirmou ao jornal israelense “Haaretz” o dirigente Alon Lee-Green da organização que reune árabes e judeus denominada “Juntos de Pé”, durante o ato realizado nesta segunda-feira, dia 21.

Bradando palavras de ordem como “Não há vitória sobre corpos de crianças” e “Lutaremos com todas as forças contra o esfomeamento em nosso nome”, manifestantes portavam cartazes dizendo “Esfomear é crime de guerra”, “Somos todos responsáveis pelo que fazem em nosso nome”.

A manifestação abriu com uma faixa afirmando “Estamos juntos contra a imposição da fome”.

“Juntos de pé contra a fome”, diz a faixa em hebraico e árabe na abertura da manifestação (Tomer Appelbaum/Haaretz)

Simbolizando os palestinos que arriscam suas vidas por alimentos, alguns manifestantes carregavam sacos de farinha.

Alon Lee-Green prosseguiu dizendo que “as pessoas começam a entender que aquilo que acontece em Gaza é o morticínio pelo morticínio, é o esfomeamento como fim e que, sim, o que acontece exatamente agora em Gaza é a aniquilição como política de Estado”.

A manifestante árabe, Ghadeer Hani, que carregava a foto de uma criança à beira da morte por inanição enfatizou: “Eu vim com uma mensagem aos judeus, para dizer a eles que os judeus que passaram pelos horrores do Holocausto precisam, absolutamente, se erguerem em oposição ao que ocorre em Gaza”.

“Somos responsáveis pelo que está sendo feito em nosso nome”, diz cartaz de manifestante ao lado de foto de criança faminta em Gaza (Tomer Appelbaum – Haaretz)

Rula Daoud, co-diretora da organização que chamou a manifestação, falou aos presentes ao ato: “O caminho que nós aqui trilhamos é um que nos leve em direção à paz, é o de construir de novo algo diferente”.

“Eu prometi isso a mim mesma, porque eu sei que todos neste lugar merecem muito mais do que temos tido”, acrescentou Rula.

“Não é normal que pessoas tenham que correr e lutar e até morrer por um saco de farinha de trigo. Não é normal que mães tenham que enviar seus filhos de 18 anos, para pegar uma arma e entrar em uma grande prisão de 2 milhões para matar e ser morto”.

“Nada do que temos em nossa realidade é normal”, prosseguiu Rula, “não podemos continuar em silêncio enquanto horrores acontecem em Gaza e não podemos seguir adiante como se nada estivesse acontecendo”.

Alon Lee-Green também fez um pronunciamento no local para afirmar que “como israelenses, quando nos dizem que é para nossa segurança, como devemos nos sentir? Quando eles dizem que muito em breve isto vai trazer nossos reféns de volta – mas quando nos dizem isso há dois anos – como nos devemos sentir? Quando nos dizem que devemos mandar nossos filhos para cometerem estes crimes de guerra, estes crimes contra a Humanidade, como se supõe que devemos nos sentir?

“Tudo que eu sei”, disse ainda Green, “é que não há opção mas a de nos opormos a isto, intensificar nossa luta contra isto, mostrar esta realidade a todos em Israel”.

Ele declarou que isto inclui recusar a servir ao exército: “Todo soldado que vai para Gaza, não importa a sua função, é parte nos crimes de guerra”.

Ele encorajou os judeus a discutirem esse sofrimento nos seus lares, na mesa de jantar da sexta-feira, que é sagrada para os judeus e conclamou os israelenses que votaram nos partidos que se dizem da oposição a Netanyahu: “Eu chamo os Democratas, os do Yesh Atid (‘Há Futuro’) a saírem denunciando o que ocorre em Gaza!”, bradou.   

Os pronunciamentos foram respondidos por palavras de ordem que diziam “Não há explicação ou desculpas para esfomear crianças” e “Parem o bombardeio”.

Ao final, os manifestantes entoaram o cântico judaico que diz: “Ele fará a paz, a paz sobre nós e todo Israel, a paz sobre nós e todas as pessoas do mundo”, e acrescentaram: “A paz sobre Gaza e todo o Oriente Médio”.  

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *