
Manifestação em Tel Aviv foi convocada pela organização de árabes e judeus “Juntos de Pé”
Portando fotos de crianças palestinas emaciadas, centenas de manifestantes se reuniram na praça em frente ao teatro “Habima”, em Tel Aviv, para protestar contra a agressão de Netanyahu à Faixa de Gaza.
“Não conseguimos acreditar que precisamos marchar contra o esfomeamento de crianças e de civis inocentes”, afirmou ao jornal israelense “Haaretz” o dirigente Alon Lee-Green da organização que reune árabes e judeus denominada “Juntos de Pé”, durante o ato realizado nesta segunda-feira, dia 21.
Bradando palavras de ordem como “Não há vitória sobre corpos de crianças” e “Lutaremos com todas as forças contra o esfomeamento em nosso nome”, manifestantes portavam cartazes dizendo “Esfomear é crime de guerra”, “Somos todos responsáveis pelo que fazem em nosso nome”.
A manifestação abriu com uma faixa afirmando “Estamos juntos contra a imposição da fome”.

Simbolizando os palestinos que arriscam suas vidas por alimentos, alguns manifestantes carregavam sacos de farinha.
Alon Lee-Green prosseguiu dizendo que “as pessoas começam a entender que aquilo que acontece em Gaza é o morticínio pelo morticínio, é o esfomeamento como fim e que, sim, o que acontece exatamente agora em Gaza é a aniquilição como política de Estado”.
A manifestante árabe, Ghadeer Hani, que carregava a foto de uma criança à beira da morte por inanição enfatizou: “Eu vim com uma mensagem aos judeus, para dizer a eles que os judeus que passaram pelos horrores do Holocausto precisam, absolutamente, se erguerem em oposição ao que ocorre em Gaza”.

Rula Daoud, co-diretora da organização que chamou a manifestação, falou aos presentes ao ato: “O caminho que nós aqui trilhamos é um que nos leve em direção à paz, é o de construir de novo algo diferente”.
“Eu prometi isso a mim mesma, porque eu sei que todos neste lugar merecem muito mais do que temos tido”, acrescentou Rula.
“Não é normal que pessoas tenham que correr e lutar e até morrer por um saco de farinha de trigo. Não é normal que mães tenham que enviar seus filhos de 18 anos, para pegar uma arma e entrar em uma grande prisão de 2 milhões para matar e ser morto”.
“Nada do que temos em nossa realidade é normal”, prosseguiu Rula, “não podemos continuar em silêncio enquanto horrores acontecem em Gaza e não podemos seguir adiante como se nada estivesse acontecendo”.
Alon Lee-Green também fez um pronunciamento no local para afirmar que “como israelenses, quando nos dizem que é para nossa segurança, como devemos nos sentir? Quando eles dizem que muito em breve isto vai trazer nossos reféns de volta – mas quando nos dizem isso há dois anos – como nos devemos sentir? Quando nos dizem que devemos mandar nossos filhos para cometerem estes crimes de guerra, estes crimes contra a Humanidade, como se supõe que devemos nos sentir?
“Tudo que eu sei”, disse ainda Green, “é que não há opção mas a de nos opormos a isto, intensificar nossa luta contra isto, mostrar esta realidade a todos em Israel”.
Ele declarou que isto inclui recusar a servir ao exército: “Todo soldado que vai para Gaza, não importa a sua função, é parte nos crimes de guerra”.
Ele encorajou os judeus a discutirem esse sofrimento nos seus lares, na mesa de jantar da sexta-feira, que é sagrada para os judeus e conclamou os israelenses que votaram nos partidos que se dizem da oposição a Netanyahu: “Eu chamo os Democratas, os do Yesh Atid (‘Há Futuro’) a saírem denunciando o que ocorre em Gaza!”, bradou.
Os pronunciamentos foram respondidos por palavras de ordem que diziam “Não há explicação ou desculpas para esfomear crianças” e “Parem o bombardeio”.
Ao final, os manifestantes entoaram o cântico judaico que diz: “Ele fará a paz, a paz sobre nós e todo Israel, a paz sobre nós e todas as pessoas do mundo”, e acrescentaram: “A paz sobre Gaza e todo o Oriente Médio”.