Neste sábado (23) a Itália formaliza sua adesão ao projeto da nova Rota da Seda, a chamada iniciativa chinesa Iniciativa do Cinturão e Estrada (BRI, na sigla em inglês), como ponto alto da visita de dois dias do presidente Xi Jinping a Roma. É o primeiro país do G7 – o grupo das maiores economias capitalistas – a ingressar no projeto.
Recepcionado no Palácio Quirinale pelo presidente italiano, Sergio Mattarella, na sexta-feira, Xi pediu que os dois lados intensificassem a cooperação prática e os esforços conjuntos para construir a nova Rota da Seda, a milenar rota que o veneziano Marco Polo celebrizou no século XIII e através da qual as maiores civilizações da Antiguidade interagiam e comerciavam. A Rota da Seda tinha início na China e terminava em Veneza.
Xi asseverou a disposição da China de aumentar a importação de produtos italianos e ampliar os investimentos chineses na Itália. Matarella assinalou que a Iniciativa facilitará a interconexão e o desenvolvimento comum da Eurásia, através do rejuvenescimento da antiga Rota da Seda. A última visita de um presidente chinês à Itália havia sido há dez anos, com Hu Jintao. No ano passado, o atual vice-primeiro-ministro, Luigi Di Maio, visitou Pequim.
Em 2018, o volume de comércio bilateral chegou a US $ 54,23 bilhões e o investimento bilateral entre a China e a Itália ultrapassou US $ 20 bilhões, segundo dados do Ministério de Relações Exteriores da China. Um desses investimentos é a expansão e modernização do porto de Vado Ligure, perto de Genova.
Como de costume, o Partido Americano – sempre muito atuante em um país em que há 13 mil soldados norte-americanos e enormes bases dos EUA – chiou contra o que chama de entrada de um cavalo de Troia no coração do mundo ocidental.
O próprio ex-guru e ex-chefe de campanha de Trump, Steve Bannon, que está em Roma, disse na véspera da chegada de Xi que este “não está aqui para montar um porto no Mediterrâneo, mas porque tem uma estratégia voraz para dominar o mundo. Eles querem isso”.
Com a Itália em recessão e estagnação na zona do euro, o governo italiano está buscando alternativas, e a nova Rota da Seda é uma das mais importantes no momento. Antes da Itália, Portugal assinou o Memorando de Intenção para fazer parte da iniciativa, no ano passado.
Outro fator positivo para a intensificação das relações Itália-China é o recente acordo entre o Vaticano e Pequim, que normalizou as relações da China com a Igreja Católica, depois de 70 anos de impasse.
Em uma entrevista ao Guardian, Manlio Di Stefano, subsecretário do Ministério de Relações Exteriores italiano e membro do Movimento 5 Estrelas (M5S), considerou “um tanto hipócritas” os alertas em relação à nova Rota da Seda por parte de “muitos países da UE que já têm grandes acordos comerciais com a China”.
Wang Huiyao, fundador e presidente do Centro para a China e Globalização, disse ao Global Times que a decisão da Itália de se tornar o primeiro país do G7 a endossar o BRI exercerá uma influência positiva. Assim como ocorreu com a decisão do Reino Unido de se tornar o primeiro país do G7 a ingressar no Banco de Investimento em Infraestrutura da Ásia (AIIB) em 2015.
Projeto de integração da Eurásia amplo, de longo alcance e longo prazo, o BRI praticamente é o único programa de desenvolvimento em grande escala existente hoje no mundo, envolvendo ferrovias de alta velocidade, fibra ótica e portos de água profunda.
Para Wang Yiwei, diretor do Instituto de Assuntos Internacionais da Universidade Renmin da China, a co-construção da Iniciativa Cinturão e Estrada não é apenas uma oportunidade para a Itália, mas também para a Europa. “Isso criará oportunidades substanciais para o renascimento econômico da Europa”, assinalou.
Xi fez várias visitas à Europa, Ásia e África para promover projetos de cooperação da BRI desde que ele propôs a iniciativa em 2013. As visitas anteriores de Xi à Europa Central e Oriental aceleraram o desenvolvimento do BRI na região. Atualmente, foram firmados 171 acordos de cooperação do BRI com 123 países e 29 organizações internacionais.
A.P.
China vai canibalizar a pobre Itália se já não compraram ela inteira.