Nas eleições de domingo, em que nenhum partido alcançou maioria suficiente para formar isoladamente o governo, o grande derrotado foi Matteo Renzi, que encabeçou o governo italiano e incluiu entre as medidas de arrocho – que buscam agradar a União Europeia e, assim, prestar serviço aos bancos, e às multinacionais – uma lei que corta direitos trabalhistas com o esdrúxulo nome de Jobs Act (ou lei do emprego). Em termos de coligações, a encabeçada pelo partido dele o Partido Democrata ficou na terceira colocação, com dificuldades sérias para participar do próximo governo.
Para evitar a convocação de novas eleições pelo presidente, os partidos devem formar alianças para indicar o primeiro-ministro do país.
Com o resultado, o Movimento Cinco Estrelas, de Luigi de Maio, conhecido por suas criticas ao arrocho imposto pela União Europeia e por sua política contrária ao acolhimento de imigrantes, se tornou a maior força política do Parlamento, com 32,22% dos votos, o que representa um crescimento de 6% em relação à última eleição. Para o Senado, o partido de Maio fez 32,2% dos votos. Embora tenha defendido contra as coligações, para disputar o governo precisará recorrer ao apoio de outras forças.
A Liga do Norte, de Matteo Salvini, aliado de Marine Le Pen na Europa, obteve 17,69% dos votos, um crescimento de 13,59%, e mesmo não sendo o partido mais votado, a sua coligação com os partidos, Força Itália, Fratelli d’Itália (Irmãos da Itália) e o Nós com Itália, alcançou a maioria, reunindo 37% dos votos para a Câmara. Para o Senado o partido de Salvini alcançou 17,6% dos votos – já sua coligação, 37,5%.
O Partido Democrático, de Matteo Renzi, no poder desde 2013, teve o seu pior resultado desde sua formação em 2007, alcançando 18,9%, o que representa uma retração de -6,5% no seu eleitorado. Para o Senado o resultado do partido de Renzi foi de 19,1%. Mesmo levando em consideração a coligação do partido, o resultado governista também não impressiona: apenas 22,8% dos votos para a Câmara e 23% para o Senado. Devido ao resultado obtido nas eleições, Renzi apresentou sua demissão da Secretaria Geral do Partido e declarou que fará oposição ao novo governo – segundo ele, provavelmente encabeçado por alguma força crítica aos ajustes da União Europeia. Porém, uma ala do partido já declarou pretensão de se coligar ao Cinco Estrelas.
A Força Itália, do condenado Silvio Berlusconi, alcançou só 13,94% dos votos para a Câmara, redução de -7,66%, e 14,4% a o Senado, resultado que impede que a sigla encabece a formação do novo governo conforme pretendido antes das eleições.
Já o partido Livres e Iguais somou 3,38% para a Câmara, o Irmãos da Itália, 4,3%, o Nós com Itália, 1,3% e a plataforma Poder ao Povo, que concorreu incluindo o partido Refundação Comunista, 1,1%.
Passadas as eleições, no próximo dia 23 de março, o Parlamento deve reunir os novos deputados e senadores eleitos para escolher seus líderes. A partir daí, devem ter inicio as conversações junto ao presidente italiano, Sergio Mattarella, para a constituição do novo governo.