O governo do México desautorizou voos de deportados. Brasil avalia reagir da mesma forma
O Ministério das Relações Exteriores protestou neste sábado (25) contra o desrespeito e as agressões impostas aos brasileiros deportados pelo governo americano e informou que pedirá explicações ao governo dos Estados Unidos sobre estes fatos “degradantes”. Os brasileiros foram algemados e acorrentados num voo que chegou nesta sexta (24) a Manaus, Amazonas.
“O Ministro Mauro Vieira reuniu-se na noite de sábado (25) em Manaus com o delegado Sávio Pinzón, superintendente interino da Polícia Federal no Amazonas, e com o major-brigadeiro Ramiro Pinheiro, comandante do 7º Comando Aéreo Regional. Na reunião, foi efetuado relato detalhado sobre os incidentes no aeroporto Eduardo Gomes envolvendo cidadãos brasileiros transportados em voo de deportação do governo norte-americano.
Leia a íntegra do que disse o Itamaraty:
“O Ministro Mauro Vieira reuniu-se esta noite em Manaus com o delegado Sávio Pinzón, superintendente interino da Polícia Federal no Amazonas, e com o major-brigadeiro Ramiro Pinheiro, comandante do 7º Comando Aéreo Regional.
Na reunião, foi efetuado relato detalhado sobre os incidentes no aeroporto Eduardo Gomes envolvendo cidadãos brasileiros transportados em voo de deportação do governo norte-americano.
A reunião subsidiará pedido de explicações ao governo norte-americano sobre o tratamento degradante dispensado aos passageiros no voo.”
Segundo o Ministério da Justiça, após o pouso da aeronave americana em Manaus, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, informou ao ministro Ricardo Lewandowski que os brasileiros haviam sido algemados pelas autoridades dos Estados Unidos. Diante disso, Lewandowski informou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o que estava acontecendo e imediatamente foi dada a ordem para que eles fossem libertados.
A Polícia Federal (PF) também divulgou nota sobre o episódio. “Os brasileiros que chegaram algemados foram recebidos e imediatamente liberados das algemas pela Polícia Federal, na garantia da soberania brasileira em território nacional e dos protocolos de segurança em nosso país”, disse a PF. O comandante da Aeronáutica, que liberou a aeronave para completar o voo até Confins, afirmou que, com as “mãos livres”, os brasileiros conseguirão trabalho no Brasil.
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, esteve no aeroporto e se solidarizou, em nome do governo Lula, com os deportados diante do desrespeito aos direito humanos . “O nosso posicionamento é que os países podem ter suas políticas imigratórias, mas nunca podemos desrespeitar os direitos humanos”, denunciou. Ela também acolheu os brasileiros e disse “Bem vindos de volta ao Brasil”.
O entendimento do governo brasileiro é de que houve uma violação dos acordos entre os dois países. A crise com o Brasil ocorre no mesmo dia em que o governo dos EUA reconheceu que não foi autorizado pelo México para enviar um avião com imigrantes que seriam deportados. Membros do governo brasileiro avaliam não autorizar novos voos com deportados, caso condições mínimas não sejam asseguradas aos imigrantes que retornam ao país.
Uma aeronave com 158 passageiros de várias nacionalidades, sendo 88 brasileiros, teve o pouso inicialmente previsto para o Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte. No entanto, a tripulação fez uma aterrissagem no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, para reabastecimento. Problemas técnicos impediram a continuidade do trajeto, e, por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Força Aérea Brasileira (FAB) realizou o transporte dos deportados até Minas Gerais.
Em entrevista à CNN, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) elogiou a política de deportação em massa adotada pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Ele [Trump] está fazendo a coisa certa”, afirmou Bolsonaro. Ele declarou ainda que se estivesse “no lugar dele, faria o mesmo”. A afirmação foi feita em uma entrevista concedida à rede CNN na quinta-feira (23).
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