A esteticista e empresária Lorenna Vieira denunciou o caso de racismo sofrido ao tentar movimentar sua conta no Banco Itaú na quinta-feira (30). Ela conta que foi desbloquear um cartão e sacar R$ 1.500 em uma agência bancária da Penha, no Rio de Janeiro, mas foi detida e levada à delegacia pela Polícia Civil, acusada de fraude.
“Fui retirada do Banco Itaú pela Polícia Civil. Humilhada e esculachada. Por minha conta receber um bom dinheiro. E segundo eles, é fraude. Meu dinheiro está preso e eu quase fui presa por nada! Não é por que eu sou preta e humilde que eu sou criminosa”, denunciou em suas redes sociais.
Segundo ela, os funcionários do banco a fizeram esperar até o fim do expediente bancário para chamarem a polícia. “Itaú e seus funcionários, racistas ou não? Preconceituosos ou não? Me fizeram esperar até o banco fechar, dizendo que estavam resolvendo meu problema e chamaram a polícia”, publicou.
Lorenna gravou vídeos na saída da delegacia e afirmou que também foi tratada mal por policiais. “Falaram que não era eu na identidade, que o dinheiro que estava entrando na minha conta era fraude. Por quê? Eu não posso ter nada? Não posso trabalhar com produtos cosméticos e ganhar bem?”, comentou no Instagram.
Miss Beleza Negra, Lorenna tem uma marca de cosméticos, a Bad Gall, focada no consumo das mulheres negras.
O relato de racismo feito por Lorenna Vieira fez com que a hashtag #ItaúRacista fosse um dos assuntos mais comentados nas redes sociais na sexta-feira (31).
Em nota, o Itaú lamentou o caso e afirmou que Lorena foi submetida ao “procedimento padrão” do banco em casos de suspeita de fraude.
Polícia muda versão
A Polícia Civil do Rio de Janeiro considerou o caso um engano e liberou Lorenna. Segundo ela, o delegado da 22ª DP a orientou a fazer outro RG “com seu cabelo natural”. Segundo a polícia, nas consultas preliminares, “os dados de nome, filiação, data de nascimento e numeração da identidade apresentada pela jovem batiam com os do sistema”.
Mas, na noite da sexta-feira (31), a assessoria de imprensa mudou a versão oficial e disse o RG apresentado na véspera pela empresária pode ser falso.
Segundo a nota, laudos periciais apontaram que o RG seria falso. A corporação diz ainda que acionou o Detran (que emite RGs no Rio de Janeiro) e constatou que a cédula de identidade “não foi emitida oficialmente pelo órgão e a fotografia existente no documento questionado não corresponde à existente nos bancos de dados oficiais”.
Lorena afirma em nota que foi liberada da delegacia logo após verificarem que sua identidade, cadastrada no Detran, não era falsa. “Fui orientada inclusive pelos policiais que me acompanharam a rasgar esse documento e emitir um novo com o meu cabelo ao natural para não ter mais esse tipo de problema.”
A empresária ainda indagou qual seria o seu interesse em falsificar o seu próprio documento de identificação.
E o Queiroz?
Nas redes sociais, não faltaram menções ao caso de Fabrício Queiroz, assessor do agora senador Flávio Bolsonaro, cujas transações milionárias operadas pelo mesmo Itaú – não foram questionadas pela instituição.
“O procedimento padrão do Itaú para Lorenna Vieira, empresária negra, sacar R$ 1.500 é chamar a polícia e levá-la à delegacia por ‘suspeita de fraude’ enquanto para o Queiroz a movimentação de R$ 1,2 milhão por um ano era normal até o COAF divulgar o relatório”, disse a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Dani Balbi em um tweet.
“O mesmo banco que chama a polícia na hora porque desconfia de uma mulher negra que tenta sacar R$1.500, demorou 16 meses para desconfiar do Queiroz. É o racismo estrutural que apodrece nossa sociedade!”, disse outro internauta.
RACISMO
Em outras publicações, internautas denunciaram a prática racista do banco Itaú: