Os lucros do Itaú de R$ 24,9 bilhões e do Bradesco de R$ 19,0 bilhões em 2017, divulgados este mês, representaram respectivamente 12,3% e 11,1% de aumento nos resultados em relação a 2016. E confirmam que os bancos estão entre as poucas empresas lucrativas em meio à estagnação que a economia do país atravessa.
Realça ainda que são margens de lucro altas, visto que são valores líquidos, depois das despesas com provisões, inclusive de impostos. Ainda mais “espetaculares” quando observados do ponto de vista da rentabilidade sobre o capital. O Itaú obteve uma estupenda rentabilidade de 20% no ano e o Bradesco, que também não deixou a desejar, obteve 18,2% em 2017.
Outra característica perversa desses resultados é que a maior parte desses lucros vem dos títulos do governo federal, que paga as taxas de juros reais estratosféricas, durante anos seguidos, taxa de juros entre as três mais altas do planeta. Os bancos sugam como carrapatos o dinheiro que falta para a saúde, educação, segurança (vide no Rio de Janeiro), entre outras necessidades básicas, para as quais pagamos nossos impostos.
Os baixos índices de inadimplência e a reversão das provisões para “devedores duvidosos” são apontados com principais fatores dos resultados do Itaú em 2017. São também resultantes da drenagem feita contra o Tesouro Nacional, que permitiram ao Itaú, e em geral ao sistema financeiro, serem super seletivos na cessão de crédito, afinal o dinheiro que dispõem são aplicados no Tesouro, sem risco, com um mínimo de trabalho.
Em 2017, o Itaú teve ainda um super ganho para comemorar. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), criado na gestão Lula, atendeu ao recurso do banco e isentou-o do pagamento do Imposto de Renda e da Contribuição Social do Lucro Líquido, no montante de mais de R$ 20,0 bilhões, incorrido com o aumento de capital quando da fusão com o Unibanco em 2008. O relator do processo, o ex-conselheiro João Carlos de Figueiredo Neto, esteve preso acusado de receber propina para conceder decisão favorável ao banco.
Não tem crise para os bancos, pelo contrário, eles são os beneficiários da crise e despudoradamente aparelham o Estado, mais decididamente o Banco Central, cujo presidente Ilan Goldfajn foi até pouco tempo membro da direção do Itaú.
J.AMARO