O Itaú Unibanco obteve um lucro líquido de R$ 30,8 bilhões em 2022, o que representa um aumento de 14,5% em relação ao ano anterior. O vultoso resultado foi conseguido mesmo com as perdas dos empréstimos feitos à Americanas. Já o retorno sobre o patrimônio líquido foi de impressionantes 20,3% no ano.
A escalada das taxas de juros de todas as linhas de crédito, ocorridas em 2022, mesmo aquela que já estava a níveis insanos, como as do rotativo dos cartões de crédito, estão na base desses resultados estrondosos.
Todos aumentos das taxas de juros foram justificados pelo aumento da taxa básica de juros administrada pelo Banco Central (BC). A Selic subiu de 2% em março de 2021 para 13,75%, vigente em todo o segundo semestre de 2022, ou seja, uma variação brutal de 587%, agora pelo BC independente, pelo visto, para fazer pior.
O Itaú optou por lançar os créditos da rede varejista como provisão integral na carteira Créditos de Liquidação Duvidosa de 2022, no montante de R$ 719 milhões, segundo o CEO do banco, Milton Maluhy Filho.
Contribuiu para essa decisão o aumento da margem de lucro durante o ano. Com uma carteira de crédito mais rentável, ficou oportuno absorver integralmente, como provisão para devedores duvidosos (PDD), o impacto da Recuperação Judicial da Americanas, mesmo ocorrido em 2023. A devedora não é citada nominalmente no relatório, divulgado na quarta-feira (8), mas como um grande cliente corporativo.
“Como optamos por efetuar 100% dos créditos como provisionados, não temos impacto futuro e qualquer recuperação vira lucro”, afirmou Mahuly Filho.
O Itaú Unibanco fechou o quarto trimestre de 2022 com lucro líquido gerencial de R$ 7,668 bilhões, uma alta de 7,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceu 7,8% em doze meses, totalizando R$ 46,631 bilhões. As despesas de pessoal, considerando a PLR, por sua vez, cresceram 12,9% no período, somando cerca de R$ 28,031 bilhões.
Dessa forma, a cobertura das despesas de pessoal, só com as receitas com prestação de serviços, foi de 166,4% no período.
Além do dinheiro dos correntistas depositado no banco, sobre o qual a instituição empresta e cobra juros – e ainda é remunerado, pelo BC, pelos saldos diários através das operações compromissadas, a esses mesmos correntistas são debitados, quase que compulsoriamente, por quase tudo que é o básico para a manutenção de contas.
Ao final de 2022, o banco contava com 89.147 empregados no país. Foram fechadas 240 agências físicas no país, resultando em 2.786 unidades em operação e 179 agências digitais abertas no período, totalizando 402 unidades.
J.AMARO