“Acho que todo rigor da Anvisa é importante, mas a pandemia não espera. As pessoas estão morrendo e precisam ser vacinadas”, argumentou Fernando de Castro Marques
O presidente da União Química, Fernando de Castro Marques, afirmou, neste domingo (7), que sua empresa já poderia ter entregue a vacina Sputnik V em grande quantidade ao governo brasileiro.
Ele assinou um acordo com o Instituto Gamaleia, da Rússia, que prevê num primeiro momento a importação do imunizante e logo e seguida a sua produção interna, através de um acordo de transferência de tecnologia.
O comentário do empresário foi feito em uma entrevista ao programa Opinião no Ar, transmitido hoje pela Rede TV, no qual o representante falava sobre a compra de 10 milhões de doses do Sputnik V pelo governo federal.
“Acho que todo rigor da Anvisa é importante, mas a pandemia não espera. As pessoas estão morrendo e precisam ser vacinadas. É importante que a gente tenha vacina o quanto antes, porque antes eram as pessoas mais velhas indo para a UTI. Hoje são as pessoas mais jovens. Não vai ter UTI para tanta gente. Precisa chegar a vacina e ser vacinado. Agora precisa ser tomados muitos cuidados “, disse.
“Para mim é muito triste saber que poderíamos, em janeiro, ter 8 milhões de vacinas, 2 milhões em fevereiro e 6,2 milhões em março. Com outros países locando, [as vacinas] foram para o México, Hungria. O mundo todo está querendo e precisa de uma vacina como a Sputnik que tem quase 90% de eficácia. Nós perdemos essa oportunidade de salvar muitas vidas “, sentenciou.
“Nossa fábrica de Guarulhos tem capacidade de fazer 8 milhões de unidades por mês. Em um ano, pode ser quase 100 milhões de doses. Na fábrica de Brasília, encomendamos reatores maiores que estão chegando no mês de maio. Tendo o domínio da tecnologia, vamos ampliar a capacidade de produção “, explicou Fernando Marques.
A vacina Sputnik já comprovou ser altamente segura e tem eficácia de 90%. Ela já foi testada e está em uso em dezenas de países. Até o momento, estudos comprovam também que a Sputnik V tem estabilidade para ser armazenada em temperatura de refrigeração por até 90 dias, o que facilita a logística e distribuição nas unidades de saúde do Brasil.
No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), aparelhada pelo negacionismo de Jair Bolsonaro, vem tendo um comportamento burocrático que está atrasado a vacinação da população. Não fosse a pressão exercida pelo governo de São Paulo, até hoje nem as vacinas do Butantan e a da AstraZeneca/Fiocruz teriam sido aprovadas para uso emergencial.
O governador do Piauí, Wellington Dias, que coordena o Fórum Nacional de Governadores, informou que está sendo organizada uma ação conjunta dos estados para acelerar a vacinação que só atingiu até agora menos de 4% da população. O Fórum, diz Wellington Dias, também deve pedir a laboratórios e organizações internacionais que o Brasil receba prioridade no envio de vacinas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem apontando a gravidade da situação no país.
“É importante a gente acelerar aqui com a Anvisa. A gente não pode ter uma operação de guerra, e a Anvisa com exigências que são próprias de um [período de] normalidade. A Sputnik tem vacina, pode oferecer. Tem a União Química, que produz no Brasil. É o Brasil com seus laboratórios, com cientistas brasileiros – Fiocruz, Butantan e União Química – que vai produzir a maior quantidade, especialmente nessa fase de maior disputa mundial”, afirmou Wellington Dias.