
O cartunista Jaguar (Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe) morreu neste domingo (24), aos 93 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado com pneumonia no Hospital Copa D’or.
Jaguar foi um dos fundadores do jornal O Pasquim, em 1969, com os jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral. Logo depois, figuras de destaque na imprensa brasileira como Ziraldo, Millôr Fernandes, Manoel “Ciribelli” Braga, Miguel Paiva, Prósperi, Claudius e Fortuna, se juntaram à publicação, que fez história com seu conteúdo crítico, escrachado, “desbundado” e, após a promulgação do AI-5, se tornando mais politizado e firmemente contra a ditadura à medida que aumentava a repressão do regime.
Nomes como Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa, Carlos Leonam e Sérgio Augusto, também marcaram presença no semanário.
O cartunista foi, inclusive, o autor no nome da publicação, que significa “jornal difamador, folheto injurioso”. “Terão de inventar outros nomes para nos xingar”, disse Jaguar ao cunhar O Pasquim, já prevendo as críticas de que a turma seria alvo.
Em 1970, O Pasquim teve a maior parte da sua redação presa depois que o jornal publicou uma sátira do quadro de Dom Pedro às margens do Ipiranga (de autoria de Pedro Américo). Durante o período em que o grupo esteve preso, até fevereiro de 1971, a publicação foi mantida sob a direção de Millôr Fernandes (que havia escapado da prisão), com a colaboração de nomes como Chico Buarque, Antônio Callado, Rubem Fonseca, Odete Lara, Gláuber Rocha e diversos artistas, jornalistas e intelectuais.
No período, O Pasquim, assim como o jornal Hora do Povo e outras publicações abertamente contra a ditadura, sofreriam inúmeros atentados para impedir a sua circulação.
Na época, O Pasquim vendia semanalmente cerca de 100 mil exemplares, quase todos em bancas, mais do que as revistas Veja e Manchete somadas.
O cartunista foi o único da equipe original do Pasquim a permanecer até a última edição, em novembro de 1991.
Ao longo de sua carreira, o cartunista também fez animações para as vinhetas do conhecido “Plim Plim”, da Globo, que marcaram a TV brasileira. Além disso, atuou em diversos jornais e revistas, como a Manchete, onde iniciou na profissão aos 20 anos, na Civilização Brasileira, Senhor, Pif-Paf, Tribuna da Imprensa, Última Hora, A Notícia e O Dia.
O cartunista também publicou livros, como “Átila, você é Bárbaro” e “Ipanema, se não me falha a memória”.
Morador de bairros como Lapa, Copacabana e Leblon, Jaguar também era um boêmio inveterado e foi fundador da Banda de Ipanema.
Jaguar deixa a mulher e uma filha. A família ainda não divulgou informações sobre o velório.