Refinaria Landulpho Alves foi vendida ao fundo Mubadala por R$ 10 bi e valia R$ 20 bi. “Eu estava no Brasil quando esse presente foi ofertado lá nos Emirados Árabes para o ministro das Minas e Energia”, disse Bolsonaro
Jair Bolsonaro complicou ainda mais a sua situação ao deixar escapar, no sábado (4), durante uma entrevista nos EUA (assista abaixo), que as joias que um membro de sua equipe tentou internalizar clandestinamente no Brasil foram “ofertadas ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, nos Emirados Árabes”.
“Eu estava no Brasil quando esse presente foi ofertado lá nos Emirados Árabes para o ministro das Minas e Energia. O assessor dele trouxe em um avião de carreira e ficou na alfândega, eu não fiquei sabendo”, afirmou Bolsonaro, produzindo prova contra si mesmo.
Assista a entrevista onde Bolsonaro fala que joias foram ofertadas nos Emirados Árabes
Esta informação que Bolsonaro deu na entrevista, de que as joias foram “ofertadas nos Emirados Árabes”, é uma bomba, porque Bento Albuquerque havia feito a viagem ao mundo árabe para acertar a venda da refinaria Landulpho Alves, da Bahia.
Quem comprou foi o Fundo árabe Mubadala, que possui vários sócios árabes, mas cujo principal deles é exatamente o governo dos Emirados Árabes. A refinaria acabou sendo vendida para este fundo financeiro por R$10 bilhões, quando na verdade, a refinaria baiana, uma das mais importantes do país, valia o dobro deste preço.
REFINARIA VALIA R$ 20 BILHÕES E FOI VENDIDA POR R$ 10 BILHÕES
Ou seja, a refinaria valia R$ 20 bilhões e foi vendida por R$10 bilhões. Não há como não associar esse “presente milionário” de R$16,5 milhões em diamantes, incomum no mundo diplomático, com esta venda “de pai para filho” da refinaria.
Os R$16,5 milhões em joias, que membros da equipe de Bolsonaro, chefiada pelo ministro de Minas e Energia, tentaram introduzir clandestina e ilegalmente no Brasil, passa a ser encarada pelos investigadores como forte indício de suborno ou propina em troca do grande desconto dado no valor da refinaria.
OITO TENTATIVAS DE EMBOLSAR AS JOIAS
O fato dessas joias terem sido escondidas no fundo de uma mochila de um assessor do ministro para tentar enganar os fiscais da Receita Federal, fala por si mesmo. Um segunda caixa de joias conseguiu passar, mas a principal delas foi retida. O que se viu depois foi uma maratona para tentar reaver as joias.
A recusa do ministro em oficializar as joias apreendidas como “presente oficial”, para que fossem legalmente destinadas ao acervo da União, assim como a versão alegada, na hora, de que as peças clandestinas descobertas eram um “presente” pessoal para a primeira-dama, não colaram. Mesmo que fosse, tinham que ser declaradas.
Também as oito tentativas desesperadas de Bolsonaro de retirar as joias na marra do depósito da Receita, confirmam o seu caráter ilegal e complicaram ainda mais a situação da família Bolsonaro e do seu entorno.
“ISSO É PROPINA!”
O economista Eduardo Moreira, autor dos bestsellers como “O que os donos do poder não querem que você saiba” e “Encantadores de Vidas”, desvendou nesta terça-feira (6) (vídeo acima) os mistérios das joias de R$16,5 milhões que Bolsonaro tentou contrabandear. Segundo ele, ficaria difícil entrar no país com R$16,5 milhões em dinheiro. A melhor forma de entrar com a propina era através de joias. “Você pode esconder joias numa mochila, mas R$ 16,5 milhões em dinheiro, não”, disse o economista.