Jair Bolsonaro foi condenado em segunda instância pela Justiça de São Paulo a pagar R$ 50 mil de indenização por ataques contra jornalistas e à imprensa quando era presidente.
A ação foi movida pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo (SJSP), que apontou a responsabilidade de Jair Bolsonaro no crescimento da violência contra a categoria.
Na condenação em primeira instância, Bolsonaro teria que pagar R$ 100 mil, mas o valor foi diminuído pela metade na nova condenação. O dinheiro será destinado ao Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo argumentou que Jair Bolsonaro, “em pronunciamentos públicos ou em suas redes sociais”, atacou a imprensa e os jornalistas “de forma hostil, desrespeitosa e humilhante, com a utilização de violência verbal, palavras de baixo calão, expressões pejorativas, homofóbicas, xenófobas e misóginas”.
Esse tipo de agressão não representa “liberdade de expressão”, mas, sim, , “assédio moral coletivo contra toda a categoria de jornalistas, atentando contra a própria liberdade de imprensa e a democracia”.
Jair Bolsonaro já xingou diversas vezes jornalistas de “idiota” e “canalha”, os acusou de fazer perseguição política e interrompeu entrevistas quando a pergunta o desagradava.
No debate eleitoral, em 2022, Bolsonaro falou que a jornalista Vera Magalhães “dorme pensando em mim” e tem “uma paixão por mim”, além de ser “uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, por ter feito uma pergunta sobre a postura negacionista de Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19.
Foi durante a pandemia que os ataques de Jair à imprensa se intensificaram, mostrou um levantamento feito pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Em 2020, Bolsonaro atacou jornalistas 175 vezes.
“Desde que chegou à Presidência, o Recorrente [Jair Bolsonaro] é o principal agente de ataques verbais e virtuais à jornalistas”, afirmou o advogado Raphael Maia, coordenador jurídico do SJSP.
A juíza Tamara Hochgreb Matos, responsável pela condenação em primeira instância, em julho de 2022, ressaltou que “tais agressões e ameaças vindas do réu, que é nada menos do que o Chefe do Estado, encontram enorme repercussão em seus apoiadores, e contribuíram para os ataques virtuais e até mesmo físicos que passaram a sofrer jornalistas em todo o Brasil, constrangendo-os no exercício da liberdade de imprensa, que é um dos pilares da democracia”.
Um dos casos mais recentes foi no dia 8 de janeiro, quando houve a invasão do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional.
Os apoiadores de Jair Bolsonaro agrediram e roubaram equipamentos dos jornalistas. Uma repórter do site Metrópoles chegou a ser derrubada e espancada por 10 homens.