
Enquanto o país afunda em crises provocadas pela falta de governo, Jair Bolsonaro gasta o tempo parasitando a boa fé dos evangélicos para arregimentar votos na tentativa de se reeleger nas eleições deste ano.
No sábado (28), participou da “Marcha para Jesus”, em Manaus (AM). Com o habitual discurso recheado de clichês da extrema-direita e menções a uma suposta “ideologia de gênero” que só ele consegue enxergar nos adversários políticos, Bolsonaro ignorou a responsabilidade que tem como chefe do Executivo e tentou, como de praxe, jogar nos outros a culpa pelo drama econômico que os brasileiros estão vivendo.
O desemprego nas alturas, carestia, fome, miséria disparada nos preços dos combustíveis parecem não existir para o atual inquilino do Palácio do Planalto.
“O Brasil e o mundo passam por momentos difíceis. Não temos um responsável”, afirmou Bolsonaro, como se os problemas que o país enfrenta fossem obra do acaso. “O mundo todo está sofrendo na política e na economia pós-pandemia. Sofremos também em virtude da guerra. Mas sabemos que esses momentos difíceis estão chegando ao seu final”, acrescentou.
Porém, as afirmações de que o movimento global de aumento da inflação é idêntico em diferentes países não se sustentam. O aprofundamento da miséria no Brasil é resultado direto da ineficácia das ações do governo federal no enfrentamento dos problemas econômicos do país.
Além do negacionismo de Bolsonaro no enfrentamento da pandemia, o auxílio emergencial, que só foi adotado por imposição do Congresso Nacional, sofreu um corte substancial exatamente quando o repique de contaminação pela Covid-19 foi ainda mais forte em 2021.
O estudo “Insegurança Alimentar no Brasil: Pandemia, Tendências e Comparações Globais”, da FGV Social, com dados do Gallup World Poll, aponta que a segurança alimentar das famílias brasileiras sofreu um duro revés em 2021 em relação a 2019, quando no primeiro ano do governo Bolsonaro já estavam abaixo da linha da pobreza 23 milhões de brasileiros, ou 11% da população com renda de apenas R$ 290 por mês.
Em outubro de 2021, cerca de 27,6 milhões de pessoas estavam nessa situação, um acréscimo de 4,6 milhões de novos pobres na pandemia.
Em que pese as dificuldades impostas pela pandemia, ao contrário do que tenta passar Bolsonaro, outros países tiveram desempenho diferente no enfrentamento das consequências da crise sanitária.
Um levantamento da Trading Economics, plataforma, que reúne e analisa os dados oficiais de quase 200 países, demonstra que a inflação brasileira é a quarta maior entre as nações do G20 e a sexta no continente americano.
No G20, vivem situação pior que a brasileira apenas a Turquia, cuja inflação em 12 meses chega a 69,97%, a Argentina (58%) e a Rússia (17,8%). A quinta colocada na lista é a Holanda, cujo índice de inflação em 12 meses, já atualizado em abril, é de 9,6%.
Todos se lembram também como o presidente da República sabotou os esforços de toda a sociedade no combate à Covid, que já matou mais de 650 mil brasileiros. As imagens de Jair Bolsonaro provocando aglomerações, recomendando remédios sem eficácia comprovada e disseminando fake news sobre as vacinas, além do combate sem tréguas que fez contra as medidas de distanciamento social, ainda estão vivas na memória.
O que Bolsonaro gosta mesmo não é governar, é passear de jet ski e fazer motociatas.