“Aqui o preço da gasolina está só chegando a R$ 9, lá fora está quase R$ 12”, provocou Bolsonaro, em entrevista à Radio Itatiaia, nesta quarta-feira
Em entrevista à Radio Itatiaia, nesta quarta-feira (22), Jair Bolsonaro zombou da paciência dos brasileiros ao dizer que “o preço da gasolina dentro do Brasil não está tão alto assim”. “Aqui o litro está chegando a R$ 9, mas lá fora está pior”, disse ele, comentando que nos EUA o litro estaria chegando a R$ 12.
Ele só esqueceu de dizer que o salário mínimo nos Estados Unidos é de R$ 6,5 mil por mês e o salário médio do trabalhador daquele país é de R$ 8,2 mil por mês. Já o trabalhador brasileiro recebe o salário mínimo de fome de R$ 1.2 mil e que está, inclusive, congelado por ordem do próprio Bolsonaro. Ele será o primeiro presidente a deixar o governo com um salário mínimo menor do que quando entrou.
Ele não usou a entrevista para explicar porque os preços estão fora de controle e não param de subir. Não explicou porque a única coisa que ele mantém congelado no país é o salário dos trabalhadores. Ficou o tempo todo acusando os outros de serem os culpados pela inflação, pelo desemprego e pela fome, como se ele não tivesse nada com isso.
Foi Bolsonaro que dolarizou os preços e que acabou com os estoques reguladores de alimentos, fazendo os preços dispararem e a fome voltar com força aos lares do país. Se há um culpado, está sentado na cadeira do Planalto.
Continua tirando verbas da Saúde e da Educação, ao insistir em culpar o ICMS pelos aumentos da gasolina e do diesel. Faz isso mesmo tendo sido desmascarado pelo fato do ICMS estar congelado há seis meses e, mesmo assim, os aumentos autorizados por ele terem continuado.
Quem decide os aumentos da gasolina, do diesel e do gás de cozinha são diretores que ele indicou para a Petrobrás. O acionista majoritário da empresa é o governo. Essa politica só beneficia os acionistas da Petrobrás que estão recebendo dividendos bilionários, frutos dos preços extorsivos praticados contra o povo brasileiro.
Na segunda-feira (20), os acionistas da Petrobrás receberam R$ 24,25 bilhões. Foi a primeira de duas parcelas iguais do total de R$ 48,5 bilhões, a título de distribuição de dividendos e remuneração do capital próprio dos acionistas, anunciado em 5 de maio.
Do total de R$ 24,25 bilhões, R$ 8,85 bilhões vão para o governo federal e R$ 15,4 bilhões ficam com os acionistas privados.
Bolsonaro é totalmente conivente com essa situação. É ele que não tem coragem de alterar essa política de preços desastrosa da Petrobrás. Não muda porque, como diz Lula, tem o rabo preso com esse setores.
Sua encenação, ao defender a CPI da Petrobrás, é ridícula e já não se sustenta. Todos sabem que é o atual ocupante do Planalto que não quer mudar a política de preços. A CPI é só fachada para desviar a atenção da população. Tanto isso é verdade que seu ministro das Minas e Energia, indicado por ele, acaba de dizer no meio dessa confusão toda, que não tem como mudar a política de preços da Petrobrás.
Na entrevista, Bolsonaro disse que a política de paridade de importação, que faz subir os preços quando o dólar e/ou barril de petróleo sobem, já cumpriu o seu papel e que, continuar com este torniquete, poderá “gangrenar a Petrobrás.”
Isso é conversa fiada. Ele sabe muito bem que quem está sendo extorquido e estrangulado é o consumidor brasileiro. A Petrobrás, obrigada pelo governo a cobrar em dólar mesmo produzindo mais barato internamente, está tendo lucros exorbitantes. Seus acionistas só fazem aplaudir. Portanto, quem pode gangrenar nesta história toda não é a empresa, mas, sim, a paciência da população.