“É um absurdo tirar a pensão de quem ganha um salário mínimo e dar R$ 83 bilhões para o agronegócio”, afirmou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), líder da Minoria, criticando a não cobrança – prevista no texto aprovado pela comissão especial – de contribuições previdenciárias sobre a exportação do agronegócio.
“Atualmente, as maiores contribuições para a Previdência entram no cálculo da aposentadoria. Na reforma, esse dispositivo deixa de existir e até os menores salários são usados no cálculo, abaixando o valor da sua aposentadoria”, denunciou a deputada pelo Twitter.
Jandira anunciou que a oposição vai fazer obstrução na votação da reforma da Previdência e vai trabalhar pelo convencimento de dissidentes nas bancadas governistas.
“Vamos continuar trabalhando para ganhar os dissidentes nas bancadas e não deixar votar a reforma neste primeiro semestre. Faremos obstrução e atuaremos dentro das bancadas”, anunciou a líder oposicionista.
Para Jandira, os apoiadores da reforma não têm mais de 260 votos. Na avaliação dela, o cenário é favorável à rejeição da proposta.
O líder da oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), informou que a oposição vai apresentar requerimentos de obstrução. “Vamos apresentar os requerimentos de obstrução porque entendemos que, ao fazer obstrução, nós obrigaremos a presença no plenário dos deputados em princípio favoráveis à PEC”, afirmou.
“O Brasil não gerou empregos depois da reforma trabalhista. A economia não cresceu com a PEC do Teto. Por que a situação seria diferente com o desmonte da Previdência?”, questionou o líder do PDT na Câmara, deputado André Figueiredo (CE).
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) reafirmou que a reforma da Previdência de Bolsonaro não combate privilégio nenhum e é só para saquear o povo. “Rapaz, nem sob tortura eu aprovo essa reforma contra o povo. Se fosse para tirar o privilégio de quem se aposentou aos 33 anos, virou deputado inútil, colocou todos os filhos como parlamentares tão inúteis quanto [ele], eu até votava. Mas para prejudicar o povão sofrido, nem a pau!”, comentou o deputado.
O próprio líder do PP, o deputado Arthur Lira (AL), não se arriscou a cravar uma aprovação fácil da reforma e colocou em dúvida os números do governo.
“Não estou vendo nesta Previdência o monitoramento de votos como a gente tinha no governo passado. A gente sabia exatamente quem votava, que partido votava, e isso não ocorre agora”, declarou. “Há uma perspectiva de 330, 320 votos, isso é muito solto. Qualquer erro de avaliação pode dar problema, pois o assunto é polêmico. Por isso, a conversa é tão importante.” Para ser aprovada em plenário, a matéria precisa do voto favorável de 308 deputados, em dois turnos.
Vice-líder do PV, o deputado Professor Israel Batista (DF) disse que um dos destaques que devem ter apoio no plenário é o que tira os professores da proposta de reforma da Previdência.
“A Comissão de Educação, por unanimidade, formalizou uma moção pedindo para tirar os professores da reforma. É raro um documento unânime, que una partidos como PSL e o PT, e nós conseguimos isso”, observou.
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Realmente, tirar a pensão de quem ganha um salário mínimo, e sem pudor nenhum dar estes bilhões ao agronegócio, é revoltante! Conheço uma pessoa de 75 anos que ganhava o BPC, e o marido ganha um salário mínimo e ele tem 74 anos. Tiraram isto desta pessoa. Um senhor diabético, com pressão alta e a mulher tbm necessitada de cuidados, e na maior eles fazem isto. É revoltante!