A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), líder da Minoria na Câmara dos Deputados, fez um balanço das crueldades da reforma da Previdência (PEC 06/19) proposta por Bolsonaro e Paulo Guedes e aprovada em 1º turno na semana passada.
“A reforma da Previdência não servirá em nada ao Brasil. Vai reduzir o valor dos benefícios, e é o trabalhador que ganha dois ou três salários mínimos quem vai pagar por ela”, afirmou a deputada, em coletiva à imprensa na quinta-feira (18).
Jandira Feghali recomendou aos movimentos sociais e à população que pressionem diretamente os parlamentares de seus estados para tentar reverter as “muitas crueldades” da proposta, que deve ir à votação em segundo turno na Câmara no início de agosto, antes de seguir para o Senado.
Para Feghali, apesar da oposição ter obtido alguma “redução de danos” no decorrer dos debates – entre eles a rejeição do regime de capitalização, a proposta ainda é “muito negativa” para o Brasil.
Além das perdas generalizadas para trabalhadores, que terão que trabalhar mais tempo e receberão aposentadoria menor, ela destacou que a reforma da Previdência não trará nenhum impulso à economia – ao contrário, ao rebaixar a renda e a capacidade de consumo dos aposentados, deve ter efeito recessivo, especialmente nos municípios de menor porte.
“A reforma nada tinha a ver com a defesa dos pobres, com a defesa da economia ou dos investimentos, e muito menos era para combater privilégios. Foi uma reforma fiscal, que favorece, na verdade, o interesse dos bancos”, afirmou Jandira Feghali.
A parlamentar lembrou ainda que o projeto aprovado pelos deputados também abriu a possibilidade da previdência complementar dos servidores públicos, hoje fechada e de caráter público, contratada por meio da Funpresp, tornar-se aberta e, futuramente, ser oferecida por bancos privados. “Que vão ganhar muito com isso”, observou.
Jandira define a reforma como um “massacre sobre o trabalhador mais pobre”. Ela alertou que “o aposentado que era arrimo de família vai se transformar em um novo dependente – o idoso pobre”. A deputada destacou que, segundo dados da Defensoria Pública, já existem mulheres idosas dormindo na rua, devido ao empobrecimento dessa população. “O que o governo está fazendo é jogar mais gente na rua, em vez de sustentar o pilar que gira a economia”, disse.
“O grande pilar da economia é o consumo, as pessoas que compram na padaria, na mercearia, que mobilizam o comércio. Ninguém que ganhe três salários mínimos poupa. É o consumo que gira a economia local, e arrecada tributo de volta para o Estado e faz girar a economia brasileira”, argumentou.