Jandira presta solidariedade a Glauber e diz que “voz combativa” não pode ser calada

Deputados Glauber Braga (PSol-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) (Foto: Kayo Magalhães - Bruno Spada - Câmara dos Deputados)


Deputada do PCdoB-RJ apoia o deputado do PSol-RJ ameaçado de cassação, porque combateu o “orçamento secreto” e denunciou o ex-presidente da Câmara como líder desse esquema

Por meio das redes digitais, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) se solidarizou com o deputado Glauber Braga (PSol-RJ), ameaçado de cassação do mandato parlamentar em razão de confronto com o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).

“Reafirmo minha solidariedade ao companheiro Glauber Braga, que segue alvo de um processo injusto e desproporcional também na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça] [da Câmara dos Deputados]”, escreveu no X.

“Não podemos aceitar que a cassação seja usada para calar um mandato popular, de voz combativa e coerente com a defesa do povo brasileiro”, acrescentou.

RECURSO NEGADO NA CCJ

A CCJ da Câmara dos Deputados rejeitou, na última terça-feira (29), por 44 votos a 22, o recurso de Glauber Braga contra decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar favorável à cassação do mandato dele.

O processo será encaminhado, agora, para a Mesa Diretora da Câmara e depois será submetido ao plenário. São necessários os votos de pelo menos 257 deputados para que a cassação seja aprovada, em votação aberta.

O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), firmou compromisso com Braga de só colocar o caso em votação no plenário, 60 dias após a deliberação do recurso na CCJ.

Glauber Braga foi acusado pelo partido Novo de ter faltado com o decoro parlamentar ao expulsar da Câmara, em abril do ano passado, com empurrões e chutes, o integrante do MBL (Movimento Brasil Livre), o fascista Gabriel Costenaro, do Rio de Janeiro, que provocou e perseguiu o parlamentar.

ARGUMENTOS DO RELATOR

O relator do recurso, deputado Alex Manente (Cidadania-SP), não acolheu a alegação de Braga de suspeição do relator. Manente escreveu que as normas para a escolha de relator previstas no Código de Ética e Decoro Parlamentar foram seguidas.

Além disso, ele lembrou que o STF (Supremo Tribunal Federal) já se pronunciou no sentido de considerar processos no Conselho de Ética como de natureza política, não cabendo a aplicação do regime de suspeições e impedimentos.

Quanto a outras alegações de Glauber Braga, como a desproporcionalidade da pena, a suposta violação da isonomia em relação a casos anteriores e a tese da legítima defesa, o deputado Alex Manente escreveu também que não cabia à CCJ fazer essa análise, pois envolviam juízo de mérito.

“Grande parte do que foi abordado aqui hoje [terça-feira] não compete a essa comissão. A CCJ não é uma instância superior ao Conselho de Ética. Não cabe a esta comissão entrar na dosimetria de penas, pois a pena foi firmada por uma comissão soberana”, escreveu no parecer.

“Cabe ao plenário rever, inclusive minha posição pessoal será conhecida no Plenário”, acrescentou Manente.

O relator também refutou que o parecer dele tenha qualquer teor provocado por disputas políticas.

DEFESA DE BRAGA

O advogado do parlamentar, André Maimoni, apresentou pontos da defesa, sendo um dos principais a desproporcionalidade da pena.

De acordo com o Código de Ética e Decoro Parlamentar, praticar ofensas físicas ou morais nas dependências da Câmara deve ser punido com censura escrita aplicada pela Mesa Diretora.

Para Maimoni, a decisão pela cassação também fere a Constituição e a isonomia. “Nestes quase 40 anos de Constituição brasileira, mais de 25 anos de Conselho de Ética, nunca houve uma cassação em razão das circunstâncias deste processo. Se isso não é romper a isonomia, o que seria?”, criticou Maimoni.

PERSEGUIÇÃO

Glauber Braga repetiu que é vítima de perseguição, em especial pela postura crítica dele, em relação ao ex-presidente da Câmara Arthur Lira, e ao chamado “orçamento secreto”.

Ele também voltou a afirmar que agiu contra o representante do MBL após sofrer perseguição por parte dele.

“Eu pergunto a todos os parlamentares que estão aqui presentes: se a sua mãe estivesse vivenciando uma situação de Alzheimer avançado, em um momento em que a comoção, o nervosismo, a tensão na sua família é [são] plena, e um sujeito, pela quinta vez, vem ao seu encontro falando e exercendo todo tipo de ataque à sua mãe, se você, deputado ou deputada, teria uma atitude diferente da que eu tive naquele dia?”, questionou o deputado.

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