Vazamentos frequentes e manuseio de risco por concessionária comprometem a exportação de frutos do mar japoneses à China e à Rússia
O primeiro aniversário do despejo de águas residuais contaminadas da usina nuclear danificada de Fukushima, realizado no dia 24 de agosto de 2023, foi marcado na última quarta-feira (21) por protestos organizados por ativistas sul-coreanos em frente à embaixada do Japão em Seul, onde 16 pessoas foram presas.
Os manifestantes alertaram que dede que o Japão iniciou com a prática, 60 mil toneladas de água de Fukushima foram descarregadas no oceano, como parte do programa do país vizinho que pode chegar a despejar um milhão de toneladas de resíduos tóxicos no oceano.
O despejo inconsequente, os acidentes de vazamento mancharam a reputação da Tokyo Electric Power Company Holdings (TEPCO), que operava com reatores da General Electric.
Alertando para a gravidade da prática, a Federação Nacional das Associações Cooperativas de Pesca do Japão apontou que a confiança e o entendimento construídos com os pescadores e o público encontram-se no fio da navalha e podem ser perdidos em um instante.
O fato é que o descarte de água contaminada já fez com que vários países cessassem de importar frutos do mar nipônico por vários países, incluindo China e Rússia. O governo chinês reiterou que a decisão teve como objetivo prevenir “o risco de contaminação radioativa da segurança alimentar causada pelo despejo de água contaminada pela energia nuclear de Fukushima no Japão” e proteger a saúde dos consumidores”.
Ao longo do último ano ocorreram vários incidentes relacionados à usina nuclear de Fukushima, com sete casos divulgados pela mídia, incluindo funcionários precisando ser hospitalizados devido a acidentes e a poluição do ambiente próximo. Pressionada pelas evidências, a concessionária TEPCO admitiu que apenas no dia 7 de fevereiro deste ano, cerca de 5,5 mil litros (tonelada métrica) de água radioativa contendo 22 bilhões de becquerels – unidade de medida para radioatividade – de substâncias radioativas vazaram depois que as válvulas dos equipamentos de tratamento de água foram deixadas abertas durante os trabalhos de manutenção. O último incidente ocorreu há apenas duas semanas, mantendo uma média de cerca de um incidente a cada dois meses.
Na contramão da verdade, a emissora japonesa NHK exibiu no sábado um documentário especial durante o horário nobre, com o objetivo de recuperar a reputação devastada pelos altos índices de poluentes.
Vozes de oposição continuam a se espalhar pelo país com várias cidades e prefeituras, incluindo Tóquio e Fukushima, exigindo o fim imediato do despejo.
“O oceano é a fonte de toda a vida. Não podemos despejar materiais radioativos nele para conveniência humana. Além disso, as criaturas do oceano não podem levantar suas vozes. Somos apenas nós, humanos, que podemos levantar nossas vozes em oposição!”, declarou um representante da ONG ambiental japonesa ‘Não contaminem mais os oceanos!’.
Um documento assinado por 363 lideranças alertou que o despejo implicou em um visível retrocesso nos meios de subsistência e em prejuízos à saúde dos pescadores. Além disso, dirigentes sul-coreanos propõem formar uma coalizão internacional para abrir um processo contra o Japão