O número de mortos no dia da explosão somados ao falecidos nos subsequentes, por doenças causadas pela exposição à radiação, ultrapassa 300 mil
O ataque a bomba atômica pelos Estados Unidos, que resultou em mais de 300 mil mortos, foi lembrado em ato organizado pela Prefeitura de Hiroshima com apoio do governo japonês no sábado, a 77 anos da explosão ocorrida em 6 de agosto de 1941.
O evento contou com a presença do primeiro-ministro do Japão, Kishida Fumio, de representantes de 99 países e do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
Mais de três mil pessoas se reuniram no Parque Memorial da Paz de Hiroshima, em frente ao monumento que homenageia as vítimas do bombardeio feito pelos EUA.
Com a atualização na contagem dos mortos em decorrência da explosão e da radiação, o número de vítimas chegou a 333.907. Livros com seus nomes foram colocados dentro do monumento em Hiroshima.
Às 8h15 da manhã, horário exato em que no dia 6 de agosto de 1945 os EUA lançaram a bomba atômica, todos os presentes ficaram em silêncio.
O prefeito de Hiroshima, Matsui Kazumi, fez um discurso reforçando que o fim das armas nucleares é parte importante da manutenção da paz no mundo.
“Juntamente com Nagasaki e pessoas com ideias semelhantes em todo o mundo, comprometemo-nos a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para abolir as armas nucleares e iluminar o caminho para uma paz mundial duradoura”, disse Kazumi.
O primeiro-ministro japonês, Kishida Fumio, afirmou que o país trilhará um caminho em direção ao fim das armas nucleares, “por mais estreito, rochoso e difícil que seja”.
O primeiro-ministro admitiu que “temos que começar mudando nosso aliado, os Estados Unidos”.
António Guterres falou que “as armas nucleares são um absurdo” e que a humanidade deve lutar para extingui-las. Os países que aderiram ao Tratado de Não-Proliferação das Armas Nucleares devem trabalhar “com urgência para eliminar os estoques que ameaçam nosso futuro, fortalecer o diálogo, a diplomacia e a negociação”.
Uma sobrevivente da explosão de 1945, Ikue Suzuki, de 95 anos, foi pela primeira vez ao ato em homenagem aos que morreram, acompanhada de sua filha, que a levava na cadeira de rodas.
Guterres disse que “o mundo nunca deve esquecer o que aconteceu” em Hiroshima e que “a memória dos que morreram, o legado dos que sobreviveram, jamais se extinguirá”. Ele se reuniu com cinco sobreviventes do bombardeio.
Enquanto orava em frente ao monumento denominado de Cenotáfio de Hiroshima, lembrou e chorou por sua melhor amiga, Shizue Azuma, que faleceu no dia do ataque. “Por que você teve que morrer, Azuma San?”, perguntou.
As duas estavam em um hospital da cidade quando ele começou a desmoronar por conta da explosão, mas apenas Ikue Suzuki conseguiu escapar.
Três dias depois do ataque contra Hiroshima, os Estados Unidos usaram uma bomba atômica também contra Nagasaki. O presidente dos EUA à época, Harry Truman, chamou a morte de centenas de milhares de civis de “sacrifício necessário”.