Senador pernambucano denunciou que a medida “atinge em cheio e de forma desleal a vida dos produtores e trabalhadores do setor canavieiro”
O senador Jarbas Vasconcelos (MDB-PE) ocupou a tribuna, na quarta-feira (25), para condenar a decisão de Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes (Economia), que autorizou a elevação da cota de importação de etanol de milho dos Estados Unidos com isenção tarifária.
No final de agosto, o Ministério da Economia publicou no Diário Oficial da União a Portaria 547 que elevou a cota de importação do etanol, isenta dos 20% do imposto de importação, para 750 milhões de litros. A medida aumenta em 25% da cota de 600 milhões vigente até então e favorece os EUA que respondem por mais de 90% do etanol de milho importado pelo Brasil.
Jarbas Vasconcelos considerou a medida uma “atitude de insensibilidade e irresponsabilidade” com a economia dos nove Estados nordestinos, na medida em que o produto importado tem como principal destino o abastecimento da região.
“Como se não bastasse, essa importação foi autorizada justamente no período da safra da cana-de-açúcar, o que atinge em cheio e de forma desleal a vida dos produtores e trabalhadores do setor canavieiro”, protestou.
O parlamentar alertou que essa atitude do governo terá enormes prejuízos econômicos e sociais, pois vai desencadear uma concorrência desleal com os produtores brasileiros, que nos últimos anos investiram em modernização, melhorando a competitividade, tornando-se referência em eficiência produtiva.
“Atualmente, são cerca de 60 usinas que empregam diretamente 300 mil trabalhadores e produzem mais de dois bilhões de litros de etanol por ano. É essa produção e são esses empregos que estão agora ameaçados por conta da decisão de privilegiar a importação ao invés de fortalecer a nossa economia”, observou Jarbas.
Ele advertiu que a Zona da Mata nordestina, que é a região produtora de cana de açúcar, já é socialmente vulnerável, uma área densamente povoada e onde muitas famílias sobrevivem em função desse cultivo. “Uma medida como essa só torna ainda mais difícil a vida desse povo já tão sofrido”, assinalou.
O senador pernambucano defendeu a união dos parlamentares nordestinos, no Senado e na Câmara dos Deputados, para reverter mais esse “decreto irresponsável” do governo federal. “Contamos com a ajuda de todos os que acreditam na força produtiva do nosso povo”, disse.
WALTER FÉLIX