
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) autuou a JBS Aves, do grupo JBS, por submeter 10 trabalhadores a condições análogas à escravidão em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Os trabalhadores atuavam na coleta de frangos em granjas fornecedoras da empresa.
Os auditores-fiscais do Ministério Público do Trabalho (MPT) encontraram os trabalhadores em situação degradante, submetidos a trabalhos forçados mediante a imposição de dívidas ilegais e jornadas de até 16 horas diárias. Além disso, comiam frangos descartados por estarem fora do padrão da empresa.
Segundo o MPT, o grupo JBS convertia as despesas de transporte e alimentação em dívidas a serem abatidas dos ganhos diários dos empregados e, conforme os auditores, as dívidas eram usadas como forma de manter os trabalhadores o maior tempo possível a serviço da empresa.
Nas longas e extenuantes jornadas, sem intervalos para descanso ou paradas fixas para alimentação, os trabalhadores eram responsáveis por recolher toneladas de aves vivas diariamente, colocá-las em caixas plásticas e carregá-las nos caminhões que entregariam os animais para o abate.
De acordo com um trecho do auto de infração, os trabalhadores “encontravam-se combalidos e extenuados pelo grande esforço físico, pouca ingestão de alimentos e sem descanso apropriado”.
Os resgatados, oriundos de estados como Pernambuco, Bahia e Maranhão, foram contratados por uma terceirizada da empresa, a MRJ Prestadora de Serviços. No entanto, para o MTE, a unidade da JBS Aves, de Passo Fundo, era a “principal responsável” pelas infrações que caracterizaram o emprego de mão de obra escrava, já que era a empresa que estabelecia os locais, cronogramas e horários da apanha do frango em suas granjas fornecedoras.
Assim como a JBS Aves, a terceirizada MRJ recebeu 20 autos de infração pelas condições encontradas, entre eles, o de manter trabalhadores em situação análoga à de escravo.