
“Anistia ampla pode construir viés de impunidade. É preciso seguir as leis”, disse o prefeito do Recife
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), afirmou que “é preciso seguir as leis” e punir os golpistas que tentaram instalar uma ditadura no país. Campos rejeita a proposta bolsonarista de anistia, que gera “viés de impunidade”.
O prefeito debateu com Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás, em entrevista ao Globo.
Caiado falou que a “primeira coisa” que faria, caso eleito presidente da República, seria uma “anistia ampla, geral e irrestrita”, incluindo os que participaram do atentado de 8 de janeiro de 2023 e os réus no processo que tramita no STF, como Jair Bolsonaro.
O governador falou que essa seria uma medida para “pacificar o país”. “Se eu assumir o governo, a primeira coisa que vou fazer é anistiar todo mundo. (…) Vou buscar que haja respeito recíproco entre os Poderes. Tudo, anistia ampla, geral e irrestrita”. Em sua visão, o governo federal “pecou por omissão” no dia 8 de janeiro.
João Campos, por outro lado, falou que esse “não é o caminho”. “Em relação ao que se trata de anistia do 8 de Janeiro, é ter clareza entre quem liderou, planejou e quem foi massa de manobra. Anistia ampla pode construir viés de impunidade. É preciso seguir as leis”, disse.
Ele ainda rebateu a ideia de que o governo federal tem responsabilidade sobre o atentado golpista de janeiro de 2023. “Quem quebrou instituição pública tem que ser punido. Não dá para culpar o presidente da República e defender anistia a quem ali estava”, disse.
Ainda na entrevista, João Campos comentou sobre as tarifas que Donald Trump impõe ao Brasil caso o processo contra Jair Bolsonaro continue correndo no STF.
O prefeito do Recife disse que “não tem como negociar ou tratar sobre uma Corte de outro país, sobre um processo investigatório de outro país”.
Para ele, o governo Lula deve “manter a altivez e soberania do país” e buscar uma solução “focada no empreendedor e trabalhador brasileiro”, preparando “medidas para mitigar esses danos” causados pelas taxações dos EUA.
Campos chamou de “absurda” a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos em favor das sanções contra o Brasil.