Os governadores João Doria (PSDB), de São Paulo, e Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, concordaram que é necessário vencer a pandemia para salvar a economia, durante entrevista promovida pela Globonews.
Para Dino, a pressão de Bolsonaro para acabar com a quarentena “deriva de um argumento que não é verdadeiro. Como se houvesse a possibilidade de retomar a economia sem vencer o coronavírus”.
“Quem quer retomar a economia o mais rápido possível são aqueles que, neste momento, estão tendo a coragem de sustentar as medidas preventivas. Sem elas, nós teríamos mais casos e mais mortes”, enfatizou o governador maranhense.
João Doria endossou a fala Dino. “A minha opinião coincide plenamente com toda a expressão de tudo aquilo que ele acaba de mencionar”.
“O inimigo da economia não é a quarentena, é a pandemia. Nós precisamos deixar isso muito claro. Nós temos que vencer a pandemia para resgatar a economia”.
Para Flávio Dino, “não há contradição, a não ser por uma falácia ideológica, entre defender a vida e a economia. Só há um modo verdadeiro de defender a economia, que é defendendo a vida”.
“Bolsonaro é o maior impedimento ao restabelecimento da normalidade, porque ele está há dois meses com uma agenda errado. Que está defendendo a economia são aqueles que querem derrotar o coronavírus”, afirmou.
Por sua vez, João Doria afirmou que vencer a pandemia requer que o governo federal dê orientações claras.
“Para isso precisamos de instruções corretas do Governo Federal. Não é trocando dois ministros da Saúde em 30 dias que esta orientação se faz de maneira ordenada. O que mais vemos, infelizmente, no Governo Federal é o desgoverno nessa área”, comentou o governador paulista.
“Os dois ministros que recomendaram o isolamento social foram desligados pelo presidente Jair Bolsonaro, que ainda quer se vestir na condição de médico, recomendando a cloroquina indistintamente para a população, enquantos os médicos já sabem que ela não cumpre seu papel e tem efeitos colaterais graves”, criticou Doria.
“É preciso que o Governo Federal tenha uma relação harmoniosa com governadores e prefeitos, e não belicosa. Ao invés de brigar, presidente Bolsonaro, vamos somar. Somar para salvar vidas, para ajudar o Brasil e os brasileiros”, conclamou.
“Nós estamos vivendo a pior e mais grave pandemia da história do país nos últimos 100 anos, não é hora de fazer negociação política, é hora de salvar vidas, de ter responsabilidade, hora do diálogo ser convergente, todos ajudando a salvar vidas, e não a proteger interesses pessoais, político e partidários de quem quer que seja”, completou o governador.
O governador do PSDB ainda cobrou do governo federal a ajuda emergencial aos estados.
Para ele, não é o momento de negociação, pois o projeto de lei que concede ajuda aos estados já foi aprovado. “É lamentável que o presidente da República deseje fazer uma negociação diante de uma medida que foi aprovada no Congresso Nacional, aprovada na Câmara, aprovada no Senado Federal, e que deve ser colocada em prática. Aliás, já deveria ter assinado isso durante essa semana. Negociar com aquilo que representa um direito dos estados no momento em que estamos assumindo responsabilidade de proteger pessoas é algo absolutamente inaceitável, não há o que negociar”.
“O governo federal deve cumprir a determinação do Congresso, destinar recursos para os estados continuarem fazendo o trabalho de salvar vidas, proteger pessoas”, completou Doria.
Das entrevistas participaram ainda os governadores Romeu Zema (MG), Rui Costa (BA), e Antonio Denarium (RR).
Para Rui Costa (PT), a contrapartida que Bolsonaro exige de não dar reajuste salarial para algumas categorias de servidores para liberar recursos aos estados é uma “exigência que não faz sentido” porque considera que isso é responsabilidade dos governadores.
Na contramão, os governadores Romeu Zema (PSC) e Antonio Denarium (PSL) defenderam congelamento de salários dos servidores, inclusive dos que estão na linha de frente do combate ao coronavírus.
Zema foi mais além, defendendo redução salarial, como quer o ministro da Economia, Paulo Guedes.