O ex-deputado João Goulart Filho, pré-candidato a presidente pelo Partido Pátria Livre, defendeu nesta quarta-feira, em entrevista ao HP, a interrupção dos processos de privatização em curso no país. “É um absurdo o que estão fazendo com nossas empresas estratégicas como a Eletrobrás e a Petrobrás. Na área de energia elétrica, estão querendo vender dez usinas pelo valor que é gasto para construir apenas uma usina”, denunciou.
“Mais grave do que entregar nossas hidrelétricas e distribuidoras a preço de banana, é entregar o controle de nossas águas doces para grupos estrangeiros”, alertou o presidenciável. “A Eletrobrás foi idealizada por Getúlio e está inscrita no principal documento histórico deste país, a Carta Testamento. Ela só foi concretizada em 1962, no governo de meu pai, o governo João Goulart, e foi responsável pela nossa autonomia e a nossa capacidade de seguir desenvolvendo o país. É um crime entregar este patrimônio do povo e da nação ao capital estrangeiro”, destacou João Goulart Filho.
O presidenciável disse que pretende discutir esses temas com representantes das Forças Armadas. Ele lembrou que em 1964, “para que o golpe pudesse se concretizar foram cassados mais de 7,5 mil militares”. “A maioria das Forças Armadas não concorda com a desnacionalização de nossa economia”, observou João Goulart. “Não acredito que os militares concordem com a entrega de nosso patrimônio como está ocorrendo hoje. Que nossa Amazônia seja internacionalizada. Que a nossa biodiversidade seja roubada por ONGs internacionais e que nosso petróleo seja levado por multinacionais”, ponderou. “Tenho certeza que os militares não concordam com a venda da Embraer para a Boeing, comprometendo nossa defesa e a nossa soberania”, acrescentou.
Em palestra aos metalúrgicos na semana passada, o filho de Jango avaliou que o país vive uma gravíssima crise e creditou esse fato à submissão dos últimos governos às políticas recessivas e neoliberais. “Esses ajustes apregoados por esta gente é que estão afundando a economia do país. O principal gasto público do país não são os investimentos. É o pagamento dos juros aos banqueiros, que está consumindo R$ 400 bilhões por ano. Eles cortam gastos sociais e limitam os investimentos, mas não tocam nos juros”, denunciou. “Vou rever essa política”, sinalizou.
João Goulart fez questão de destacar que sua política é oposta a tudo o que vem sendo feito nos últimos anos. “Só sairemos da recessão e voltaremos a crescer se reduzirmos os juros. Só aumentando os investimentos públicos e melhorando os salários o pais volta a crescer”, avaliou. “Sem um mercado interno pujante não há como recuperar nossa indústria devastada pelas políticas pró-bancos”, disse. “É por tudo isso que nós vamos dobrar o salário mínimo em quatro anos. Com isso o Brasil voltará ao rumo do desenvolvimento, que tanto almejamos e que era o grande objetivo de meu pai”, completou o presidenciável do PPL.