O ex-deputado João Goulart Filho, pré-candidato a presidente pelo Partido Pátria Livre (PPL), criticou, em entrevista ao programa “Café com Autoridades”, da TV Osasco, nesta quarta-feira (30), os grupos que se aproveitaram da greve dos caminhoneiros e estão pedindo intervenção militar. “Eu acho que essas pessoas que estão pedindo isso não conhecem o que é viver sob uma ditadura”, observou. “O regime de 64 foi uma noite de 21 anos de perda da soberania, da supressão da liberdade, de violação dos direitos humanos e de perseguição àqueles que achavam que a democracia era a melhor fora de governo”, disse Jango.
Para João Goulart, não há condições geopolíticas para uma ditadura neste momento. Segundo ele, “isso é uma coisa completamente superada”. “Nem mesmos os militares querem novamente assumir uma responsabilidade desta”, assinalou o filho de Jango. Segundo o pré-candidato, “a doutrina de segurança nacional, que em 1964 serviu para implantar o regime autoritário, hoje deve estar voltada para a defesa de nossas riquezas, de nossos minerais, da nossa Amazônia, da plataforma marítima, do nosso mercado interno. Ou seja, a defesa da nossa soberania nacional”.
João Goulart também creditou ao desgoverno Temer, que segundo ele, “já não governa”, a crise de desabastecimento ocorrida no Brasil nos últimos dias. Ele cobrou explicações do presidente da Petrobrás, Pedro Parente, sobre sua decisão de atrelar os preços da gasolina e do diesel ao dólar. “O senhor Pedro Parente tem que explicar para a sociedade porque está insistindo nessa política desastrosa que está provocando uma escalada absurda de preços em prejuízo da população e da economia nacional”, acrescentou o pré-candidato.
Por fim, ele defendeu um aperfeiçoamento da democracia, e não a sua “derrocada”. “Temos que torná-la mais participativa”, argumentou. “Não podemos mais assistir a um parlamento onde os deputados não representam mais o povo, mas sim as empresas que financiam sua eleição”, denunciou Jango. “Mais de trezentos deputados são acusados de receberem propinas dessas empresas”, frisou o líder trabalhista, acrescentando que “eles se transformaram em despachantes de seus interesses em Brasília”. João Goulart disse que, eleito presidente, entre as reformas que vai propor está a reforma política, “para garantir o verdadeiro acesso de trabalhadores e movimentos sociais no Congresso Nacional”.
Ditadura é diferente de regime militar. O Brasil teve um Regime Militar durante 21 anos (1964 a 1985), anos estes que foram uma verdadeira democracia.
O leitor, por acaso, durante esses 21 anos, estava em viagem? Talvez fazendo turismo em Marte, não?